Era apenas uma questão de tempo até os fabricantes de automóveis 100% elétricos chineses chegarem a Portugal. Mas poucos terão previsto que a primeira marca seria a Aiways, uma startup nascida em 2017, e não um dos gigantes, como a BYD ou a NIO, que vendem veículos elétricos (VE) aos milhões na China. A Aiways não vem da indústria automóvel tradicional. Esta empresa foi fundada de raiz para produzir VE com uma forte componente tecnológica. É natural, portanto, que muita gente compare a Aiways à Tesla, até porque, como acontece com a marca gerida por Elon Musk, a marca chinesa também aposta na inovação nas baterias, incluindo uma solução patenteada, com estrutura em ‘sanduíche’. Uma arquitetura que promete vantagens em termos de segurança, fiabilidade e eficiência. O termo “sanduíche” resulta das várias camadas de proteção que separam as zonas secas, as células propriamente ditas, das zonas molhadas, o sistema de refrigeração líquida. Apesar de a Aiways desenvolver a estrutura, a eletrónica, o sofware e o sistema de climatização das baterias, as células são fornecidas pela CATL, um dos maiores fabricantes do mundo.
Qualidade de construção
Todos sabemos os preconceitos que (ainda) existem sobre a qualidade de construção chinesa. E, por isso mesmo, é natural que surjam dúvidas sobre qualidade do Aiways U5. Mas temos boas notícias neste campo: se não fosse pelo emblema e, talvez, por alguns aspetos do design, este SUV passaria bem por um carro europeu. Por exemplo, não detetámos quaisquer ruídos parasitas no carro que conduzimos, que já levava mais de 3500 km acumulados. Tudo pareceu-nos muito bem montado: painéis exteriores perfeitamente alinhados e interiores de aspeto premium, incluindo nos detalhes. A versão Prime, a única que deverá estar disponível em Portugal, tem bancos e vários elementos em pele – pareceu-nos couro verdadeiro, o que é penalizador para um veículo que se pretende ecológico. O carro ensaiado, com pele creme e tejadilho em vidro, tem uma luz interior como nunca vimos, o que também é uma consequência dos vidros grandes, que garantem boa visibilidade. Embora os bancos não sejam especialmente largos, espaço para as pernas não tem comparação no segmento. Sobretudo para quem vai atrás – quase que se cria um corredor entre as pernas dos passageiros e os bancos da frente. O piso totalmente plano, sem túnel de transmissão, é uma boa notícia para quem vai no meio. A mala não é tão impressionante, mas não deixa de ser generosa. E como os bancos traseiros podem ser rebatidos (60/40) até ficarem totalmente planos, é fácil criar uma zona de carga enorme para, por exemplo, transportar móveis. Há arrumação extra por baixo do piso, onde uma caixa de poliuretano denso apresenta várias áreas de arrumação para pequenos objetos. Curiosamente, quando levantámos esta caixa, deparámo-nos com um fundo falso com ‘metal à vista’, que a caixa referida não aproveita. Mas nada impede que o usemos o espaço extra escondido.