O físico Bruno Gonçalves tem cinco filhos e, como todos os pais que se prezem, está preocupado com o seu futuro. Em particular com a produção de energia de que necessitarão para viver e com os danos que esta deixa no ambiente. Professor no Técnico e presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, está muito habituado a participar em atividades de divulgação científica, muitas delas sobre questões relacionadas com a energia nuclear.
Valendo-se da experiência de anos e juntando dados recentes e ilustrações simples, mas rigorosas, escreveu um livro sobre as principais questões em torno da produção de energia e das emissões de gases, com especial destaque para o eterno papão da energia de fissão nuclear e na promessa da fusão nuclear – um sonho de energia limpa, sem custos para o ambiente, que começou a ganhar forma em meados do século passado e que só deverá dar frutos no final deste século. “A aposta nas energias renováveis (eólica, solar) é essencial. Mas será também necessário considerar outras formas de energia que não produzem gases causadores do efeito de estufa e que sejam capazes de providenciar a eletricidade de base necessária para fazer face às intermitências das energias renováveis. A fissão nuclear é atualmente umas das soluções viáveis, contribuindo com segurança para a descarbonização. Ainda que possa não ser uma solução de longo termo, a fissão nuclear é crucial para comprarmos algum tempo até que a fusão nuclear se torne uma realidade”, defende.

Disponível para download gratuito, o livro, Fusão Nuclear, na era das alterações climáticas, inclui dados tão relevantes como estes: A China aumentou 400% a produção de energia nuclear desde 2011 estando prevista a construção de 150 novos reatores até 2035; dez por cento da produção energética a nível mundial é de origem em fissão nuclear; 80 por cento do consumo de energia ainda resulta da queima de combustíveis fósseis. Também é dado especial destaque ao panorama português e às diferentes formas de produção de energia. A terminar, um desejo que é também uma expectativa apoiada pela evidência científica, a de que “a energia que chega às nossas casas possa vir de uma pequena estrela construída na Terra, aprisionada por poderosos campos magnéticos.”