Fazer ciência é uma atividade que todos os dias obriga a desafiar a frustração. A aplicação do método científico começa com uma pergunta passa pela elaboração de uma hipótese, que deve ser testada numa experiência (ou várias) para se chegar a uma conclusão. Só que o processo é sinuoso, exige repetição, reformulação da hipótese inicial e a conclusão não raras vezes é a exclusão, um eliminar de caminhos. Que não deixa de acrescentar conhecimento, mas nem sempre chega às principais publicações científicas e muito menos ao público.
Normalmente, são as conclusões que aparecem. Mas o método, o processo demorado e rigoroso, também merece ser conhecido pensou a equipa de comunicação da Fundação Champalimaud que acabou de lançar a Coleção de Ciência: Um conjunto de ilustrações sobre os projetos que combina textos simples e animações para descrever os caminhos percorridos nos laboratórios da Fundação.
Tudo começou a ser planeado na outra vida, ou seja, antes do primeiro confinamento. Nas primeiras versões, a Coleção estaria exposta em locais de passagem do edifício em Algés. Já algumas das primeiras ilustrações estavam prontas quando o mundo teve de se enfiar em casa. Aí, toca a repensar tudo outra vez. E do suporte físico, o projeto passou a totalmente digital. “Plataformas online, visitas virtuais, novas ilustrações, vamos incluir animações”, conta Catarina Ramos, responsável pela Comunicação de Ciência da Fundação Champalimaud e doutorada em neurociências. “Senti que tinha voltado a fazer Ciência”, revela. “Foi como aplicar o método científico ao projeto de comunicação de ciência.”
Para já, a Coleção inclui quatro projetos – sobre radioterapia, formação de metástases, comportamento de grupo e alimentação – mas a ideia é ir acrescentando ao longo do tempo. À imagem e semelhança da Ciência, esta coleção será sempre um projeto inacabado.