Foram 688 experiências, em oito dias de trabalho seguidos, sem qualquer pausa, à procura da melhor combinação de compostos químicos para a produção de hidrogénio a partir da água. No final da empreitada, tinham sido selecionadas moléculas que garantem uma eficácia seis vezes maior e eliminados os compostos que atrasam o processo de separação. Tudo isto feito sem que um único cientista, de carne e osso, tenha precisado de por o pé no laboratório. Descrito na revista Nature, este trabalho da equipa do professor da Universidade de Liverpool Andy Cooper evidencia a forma como a automação é cada vez mais parte do trabalho científico, que através de algoritmos de inteligência artificial começa a incluir a tomada de decisão.
A orientação no espaço do laboratório é feita pela emissão de laser e o processo de seleção dos compostos e a escolha das melhores combinações segue um algoritmo pré-programado.
O robô foi construído pelo estudante de doutoramento Benjamin Burger que demorou três anos para montar o sistema, do tamanho de uma pessoa, constituído por um braço robótico e uma base móvel.
A chegada do robô irá revolucionar todo o trabalho de laboratório de Andy Cooper: uma semana de atividade do robô equivale ao trabalho de quatro anos de um aluno de doutoramento.
“Carregamo-lo em três horas e depois ele pode funcionar oito a dez dias seguidos, sem qualquer intervenção humana”, descreve Andy Cooper. “Num contexto em que necessitamos de cumprir algum isolamento social isto pode ser particularmente útil”, realça o investigador daquela universidade britânica.
Sempre que se fala em automação e inteligência artificial, pensa-se em perda de empregos. Um cenário que Cooper se apressa a esclarecer: “continuamos a precisar das pessoas, dos cientistas, para pensarem nos problemas, o robô não as substitui. Apenas aumenta as suas capacidades.”