A incerteza da economia traduzida por fatores como a subida da taxa de inflação, das taxas de juro e o cenário de instabilidade política desafia as PME, sejam micro, pequenas ou médias empresas, a mais um teste de resiliência. As PME continuam a procurar atingir e melhorar os seus resultados do negócio, procurando adotar uma gestão financeira equilibrada, otimizar custos e melhorar a gestão das necessidades de fundo de maneio no curto prazo e numa perspetiva a médio/ longo prazo assegurar o financiamento necessário para os investimentos que garantam a competitividade.
Neste contexto podemos apontar várias tendências sobre as quais as empresas, nomeadamente as PME, devem estar atentas. Destaco assim, algumas dessas prioridades para 2023:
- Gestão das pessoas e retenção de talento
Depois de uma pandemia que trouxe novas formas de trabalho e competências é necessário reavaliar as expetativas atuais e futuras das empresas bem como dos colaboradores. Sendo as pessoas o ativo mais importante das organizações é necessário criar um ambiente de proximidade, promover uma cultura baseada na confiança e no compromisso, na concretização de objetivos, na entrega de resultados e premiar por mérito, procurando perceber o crescimento do número de demissões, as expectativas dos colaboradores e a atual e difícil de captação de recursos.
- Transformação digital e automatização de processos
A pandemia contribuiu fortemente para a aceleração do processo e transformação digital. A tendência passa pela inovação e pelo surgimento de novas tecnologias que permitam melhores resultados: na fidelização e conquista de clientes, na otimização das margens de comercialização e na otimização de gastos, ou seja, na melhoria dos resultados operacionais do negócio.
- Segurança e proteção de dados
Associada à evolução das soluções tecnológicas e à digitalização das empresas está a segurança e a proteção de dados.
As grandes empresas já perceberam o impacto negativo dos riscos existentes nesta área, contudo as PME continuam com uma atitude passiva e reativa nestas matérias, talvez pelo desconhecimento dos riscos associados.
- Evolução da experiência de compra B2B e B2C
O mercado continua com grande dinamismo, a compra de bens e serviços é entendida como uma experiência que gera uma expetativa, que deverá ser excedida procurando criar uma boa relação com a marca e empresa.
É crescente a aposta das empresas na criação de experiências de compra, presenciais e/ou online, fatores como, preço, disponibilidade, garantias de qualidade, serviço pós-venda devem estar na ordem do dia.
- Comunicação da Marca e conteúdos
Muitas empresas, para além de venderem os seus produtos e serviços, tornam-se empresas de conteúdo. Já não basta um website atrativo ou as redes sociais. É necessário conhecer o que é relevante para os potenciais compradores e apostar em conteúdos de excelente qualidade com o objetivo de ir de encontro às suas necessidades.
O grande desafio está na definição do cliente ideal e na escolha e tipologia dos diversos meios.
- Sustentabilidade
As políticas em torno do ESG continuam em grande evolução não só porque a sua implementação decorre do cumprimento da legislação mas porque grande parte das empresas têm já uma boa perceção sobre os valores que garantem a sustentabilidade do negócio, tais como: a reputação, a construção de marcas credíveis, a confiança na “governance”, o respeito pelo planeta, a construção de economias circulares e a ética empresarial. Tudo isto constitui um ativo intangível, que pese embora não refletido nos balanços das empresas gera, sem dúvida, benefícios económicos futuros.
Os clientes, investidores, autoridades e a sociedade em geral esperam organizações que sejam confiáveis que tenham boas práticas e que reflitam valores claros e éticos.
Em síntese a preocupação com as pessoas, o foco no cliente, a inovação e modernização de processos centrados no cliente, a adoção de tecnologia com acesso cada vez mais democratizado às PME cria desafios e oportunidades que podem gerar um efeito multiplicador no negócio. O desafio passa então, pela definição de prioridades de investimentos responsáveis e sustentáveis com impacto positivo na organização e no mercado, que levem em consideração o valor entregue ao cliente como a segurança de dados e os fatores da inovação.