Sempre que começo uma apresentação sobre a sustentabilidade no imobiliário, lanço um alerta-chave aos nossos clientes: “Não perca o comboio! Ele já está em andamento e vai muito depressa.”
A sustentabilidade é transversal a toda a sociedade e passou a ser uma questão incontornável, quer na esfera particular quer na corporativa. As pessoas e as empresas estão obrigadas a olhar para o bem-estar da preservação do planeta. Isso vê-se nas mais pequenas coisas do quotidiano, e os imóveis são uma parte crucial desta equação, pois contribuem para cerca de 40% das emissões de carbono.
Os ocupantes e os utilizadores de imobiliário estão muito conscientes desta necessidade de se ser “verde”, e as suas instalações – estejamos a falar de escritórios, retalho, hotéis, imóveis industriais ou de logística – terão de estar em conformidade com esta mesma necessidade. É uma questão de responsabilidade coletiva para com a preservação do ambiente, imposta em grande parte por empresas enquanto ocupantes, na procura de respostas perante as suas metas de sustentabilidade corporativa e com um enquadramento, cada vez mais exigente, de instituições nacionais e internacionais.
É nesta fase que temos de atuar, e depressa. Há uma série de acontecimentos, legislação e processos na área da sustentabilidade em marcha acelerada. E o ritmo é de tal forma que, se a curto prazo implementar medidas e estratégias de sustentabilidade ainda é uma forma de criar valor adicional e de gerar um prémio nas rendas e preços dos imóveis, já a médio prazo, e muito depressa, não o fazer vai implicar perder valor e ser, em contraste, um fator de desconto. Ou seja: de uma forma de incentivo, a sustentabilidade vai passar a ser obrigatória, sob risco de penalização. Desde logo, ao nível da liquidez do ativo e de riscos de reputação, mas a tendência aponta mesmo para uma penalização efetiva em termos de taxas.
O cumprimento das regras de ESG já é um dos critérios incontornáveis na seleção de imóveis, e esse caminho está a ser feito de forma muito rápida. Há, contudo, que perceber muito bem que a sustentabilidade no imobiliário não se resume a obter uma certificação e que não se esgota na eficiência energética. O caminho é complexo e há muitas exigências a surgir, com uma enorme panóplia de processos, certificações, regulações e opções que pode e deve ser considerada, com enquadramento não só de âmbito europeu como também com requisitos específicos de aplicação em cada país. Existem prazos já muito bem definidos: já é obrigatória a apresentação da informação de sustentabilidade nos relatórios & contas das empresas, e a obrigação de cumprimento das metas de descarbonização também está já estabelecida para 2030 (redução de 23% das emissões de carbono) e 2050 (neutralidade carbónica). Parecem prazos muito longínquos, mas são já “amanhã”. O tempo está a contar de forma muito rápida, e todo o caminho da sustentabilidade demora bastante e tem custos. É por isso que é preciso estabelecer muito bem os planos e começar a atuar já. Não o fazer significa perder o comboio no futuro.