A transformação digital é algo que já faz parte da agenda política e é uma peça essencial no movimento de modernização do tecido empresarial português. É um léxico de mudança de paradigma, de quem sente as mudanças no mundo e as quer acompanhar.
Para este salto qualitativo e quantitativo acontecer é necessário que ninguém fique de fora do contacto com os meios digitais e ainda existem enormes franjas do nosso território sem acesso fácil a este mundo digital, por distintas razões. Ora, sem isso, não pode haver objectivos de modernidade num mundo digital.
Por outro lado, olhamos para a realidade das nossas escolas e vemos como a literacia digital ainda não é um tema estratégico nos currículos dos estudantes. Também aí tem de haver uma mudança de paradigma, pois para acompanhar a modernidade as nossas crianças não podem estar privadas do contacto com ferramentas, conhecimentos e meios digitais, quando noutros países já experimentam com tecnologia e robótica.
Se essas condições base se alterarem e evoluírem, o povo português tem uma fantástica capacidade de adaptação e de resposta a qualquer desafio, e as novas gerações ainda mais. Esse é o passo decisivo, a mudança de mentalidade, que levará as próprias empresas portuguesas a darem o salto sem hesitações no caminho do futuro da transformação digital.
No entanto, também no aparelho do Estado se deve evoluir. Inovar na função pública é essencial para a construção de um país moderno, ágil e capaz de responder às necessidades do cidadão. Nenhum cêntimo das verbas da “bazuca europeia” será mal gasto na melhoria e digitalização da resposta do sector público.
Apesar de não ser a resposta para todos os problemas da nossa sociedade, a tecnologia é uma ferramenta essencial no combate à obsolescência, ao atraso e à ignorância, mas trata-se de um investimento no futuro para o qual é necessário vontade (política, dos empresários, das organizações) e, acima de tudo, capacidade financeira para o fazer.
Vivemos, de facto, um tempo em que não podemos perder oportunidades e não podemos desperdiçar o PRR. O caminho é o da mudança estrutural, reformas consistentes que levem Portugal para um novo patamar de modernidade e competitividade. Já não temos tempo a perder – o futuro constrói-se todos os dias.