São vários os estudos que alertam para o impacto psicológico resultante da pandemia e, segundo a OCDE, mais de 70% dos portugueses que estiveram em situação de isolamento, apresentaram sofrimento psicológico, e mais de metade manifestou sintomas de depressão moderada a grave.
A verdade é que a prevalência dos sintomas de ansiedade, depressão e perturbação de stress pós-traumático durante os períodos de confinamento aumentou consideravelmente, sendo que esta situação se viu agravada com a chegada de um 2º confinamento. Uma maior probabilidade de sermos infetados, de experienciar um processo de luto devido à perda de entes próximos ou um aumento dos fatores de stress, como por exemplo, alterações às rotinas diárias e familiares, situações de desemprego ou constrangimentos financeiros vieram destabilizar por completo o dia-a-dia de muitas famílias.
Mas como estão as pessoas que agora voltam para os seus locais de trabalho? Estarão aptas a exercer as suas funções? Estarão bem psicologicamente? Existirá forma de ajudar quem necessita de apoio neste regresso à dita “normalidade”? O que as empresas sabem é que a falta de saúde psicológica significa um custo humano e económico, mas estarão elas preparadas para acolher os seus colaboradores, disponibilizando-lhes as respostas certas?
A prevenção e a promoção da Saúde Psicológica e do bem-estar nas empresas portuguesas é uma questão que deve ser abordada. Há que aumentar a literacia em saúde mental, diminuindo o estigma que lhe é associado, aumentando o bem-estar emocional, bem como a produtividade e o crescimento económico. Mas como?
Atualizando as competências dos líderes das organizações permitindo-lhes identificar sinais de sofrimento emocional dos colaboradores e encaminhando-os para o apoio adequado, ensinando-lhes estratégias para lidarem e promoverem a saúde mental dos seus colaboradores.
O custo para as empresas que não dedicarem a devida atenção a este tema pode rondar os milhões de euros e gerar consequências graves de que não nos devemos alhear. Podem não ser custos financeiros diretos, mas por exemplo, um aumento de acidentes por erro humano e/ou dos conflitos laborais, uma maior intenção de sair da empresa, um decréscimo na motivação e no compromisso dos colaboradores com a empresa, não esquecendo a própria saúde física que ao ficar mais debilitada promove potencialmente maiores taxas de absentismo, entre outros fatores para os quais é necessário ter uma atenção especial.
Acredito que alguém que lidera equipas e se preocupa em obter formação para gerir todas as tarefas dos seu dia-a-dia da melhor forma, este tipo de formação em saúde mental estará no topo das suas prioridades. Tal como existe formação em gestão de crise, media trainings, entre outras, também será crucial uma formação que lhes permita ajudar o ativo mais importante das empresas: as “suas” pessoas, sem as quais a cultura da empresa não conseguirá sobreviver. Não se trata apenas de uma resiliência económica, mas sim de uma resiliência emocional.
Manter esta resiliência emocional no tempo não é fácil, mas trata-se de uma problemática em relação à qual estamos plenamente conscientes do impacto e da urgência, não só de novas abordagens, como de abordagens que demonstrem evidência a curto prazo. E é porque estamos atentos ao que nos rodeia, às pessoas, às suas necessidades e respetiva ligação às marcas, que nos encontramos focados neste tema e nos sentimos seriamente capazes de também nós de poder contribuir para uma melhor saúde mental.