As áreas da construção, comércio e serviços foram as que originaram um maior número de PME Líder. De ano para ano têm aumentado as empresas daqueles setores que conseguem chegar a este grupo restrito. Representam já 59% das 8.383 empresas que alcançaram este selo de liderança. Isto indicia a forma como o setor de serviços, que engloba aquelas três atividades, tem crescido de forma sustentada nos últimos anos. O desempenho reflete-se nos indicadores financeiros, mas também no emprego. Entre 2015 e 2018 as PME Líder destas áreas criaram mais de 22 mil postos de trabalho. Empregam, no total, mais de 144 mil pessoas, segundo os dados da consultora Iberinform.
O ritmo de crescimento do volume de negócios das PME Líder dos serviços foi rápido. Houve uma subida de 18% nas receitas das empresas de construção, comércio e serviços entre 2015 e 2018, segundo os dados da Iberinform. Naquele último ano, as PME Líder destas áreas de atividade ultrapassaram a fasquia dos 21 mil milhões de euros de volume de negócios. São responsáveis por 60% da faturação de todo o universo das empresas que têm este estatuto.
Apesar de as receitas terem crescido de forma significativa, entre 2015 e 2018, o resultado líquido das PME Líder de setores de serviços teve uma evolução ainda mais acelerada. Os lucros acumulados das 4.914 empresas desta área de atividade com selo de liderança aumentaram 39% naquele período. Superam já os 1,34 mil milhões de euros, o que mostra o caminho que tem vindo a ser feito por estas empresas. A evolução é significativa, até porque em 2015 o resultado líquido estava abaixo da fasquia dos mil milhões de euros.
O facto de os lucros estarem a subir de forma mais rápida que as receitas pode indiciar que as PME Líder na área dos serviços estão a ficar mais eficientes. A produtividade tem melhorado desde 2015, apesar de se assistir a alguma estagnação nos últimos exercícios. Em 2018 esse indicador foi de 1,71 euros por cada euro de valor dos empregados, de acordo com dados da Iberinform. Em 2015 era mais baixo, ficando-se pelos 1,68 euros.
Mas as PME Líder da construção, comércio e serviços ficam neste domínio atrás da referência das empresas não financeiras do mesmo setor. “As PME Líder dos Outros Serviços mantiveram em relação à referência das empresas não financeiras do setor, uma menor produtividade e uma menor rendibilidade económica”, indica a análise da Iberinform. A referência do setor consegue 1,74 euros por cada euro de valor dos empregados.
Apesar dessa menor produtividade e da mais baixa rendibilidade económica, as PME Líder dos setores de serviços destacam-se na solidez financeira. A Iberinform destaca que têm “uma maior rendibilidade financeira e um menor risco financeiro (maior autonomia financeira, menor peso do endividamento remunerado e menor absorção pelos juros)”.
O peso do capital próprio no total do investimento das PME Líder da construção, comércio e serviços tem mostrado alicerces financeiros cada vez mais sólidos. Era de 57,3% em 2018, o que mostra que estas empresas estão menos dependentes de capitais alheios para fazerem crescer os seus negócios. A referência das empresas do setor tem uma autonomia financeira bem mais limitada, fechando 2018 com um rácio de apenas 35,7%. Quanto maior a autonomia financeira, maior a probabilidade se se aguentarem embates como os que foram provocados pelo choque económico a que temos assistido nos últimos meses. A solidez financeira é importante e a crise provocada pela pandemia tem impactos generalizados. Mas indicadores como os inquéritos que foram feitos regularmente pelo Banco de Portugal e pelo INE até mostraram que a construção foi um dos setores em que se assistiu a uma menor quebra do volume de negócios devido às medidas colocadas no terreno para conter a Covid-19.