Mais de 520 mil novos postos de trabalho. Foi o contributo das empresas portuguesas para a criação de emprego entre final de 2015 e 2018. O ritmo de crescimento foi acelerado, com o número de empregados em sociedades não financeiras a aumentar 14,8% para mais de quatro milhões naquele período, segundo dados do INE e da Iberinform. A tendência estendeu-se a quase todos os setores e as PME Líder também engrossaram o número de funcionários.
Mas, agora, a crise coloca novamente à prova a capacidade das empresas nacionais. Até porque um dos principais motores da economia e do emprego nos últimos anos foram as empresas da área de alojamento, restauração e similares, que têm sido as que mais têm sofrido com os constrangimentos às deslocações motivados pela pandemia. Entre 2015 e 2018, este setor tinha aumentado o número de empregados em mais de 30% para um número superior a 375 mil, segundo os dados da Iberinform. Apesar de ainda estar longe de áreas de atividade como a indústria ou outros serviços, teve o maior crescimento relativo entre os principais setores.
PME Líder destacam-se na quantidade…
O grupo de mais de 8.300 PME Líder também deu o seu contributo para o aumento do emprego que se vinha a verificar nos últimos anos. E a um ritmo relativamente mais rápido que a do total das empresas não-financeiras. O número de funcionários aumentou 15,8% para quase 287.500. A subida tem sido sustentada ao longo dos últimos anos.
Tal como no resto da economia, o maior crescimento de emprego verificou-se nas empresas de alojamento, restauração e similares. O número de funcionários das PME Líder ligadas ao setor do turismo teve um acréscimo de quase 80%, o que indica não só o dinamismo que a atividade atravessava, mas também um maior número de empresas no grupo das líderes.
… e na qualidade
Além de mais emprego, o grupo de empresas líderes aparenta ter fechado o fosso face à referência no que diz respeito à aposta na qualificação dos seus recursos humanos. “O gasto com a formação por empregado, nas PME Líder tem o mesmo nível das referências”, indica a análise da Iberinform.
Os gastos com formação por empregado aumentaram 9% em 2018 face ao ano anterior no grupo das líderes, segundo os dados desta consultora. O valor unitário foi de 37 euros, exatamente o mesmo número das outras sociedades não financeiras. No entanto, no conjunto tido por referência, houve uma quebra de 7% no investimento feito em formação dos funcionários. Regra geral, e excetuando o ano de 2016, a tendência tem sido de um reforço das PME Líder na qualificação dos seus empregados, em contraste com um desinvestimento ligeiro registado no universo total das empresas não financeiras.
Outro sinal da valorização dos recursos humanos está na evolução do valor médio atribuído às pessoas empregadas. Este indicador mede o montante afeto a cada empregado, em média, sob a forma de remunerações, contribuições para a Segurança Social, seguros de acidentes de trabalho e doenças profissionais, formação e outros gastos.
Nas PME Líder esse valor sobe mais rápido que nas empresas não-financeiras. Houve um acréscimo de 3,6% em 2018, face ao ano anterior, para 19.470 euros, segundo a análise da Iberinform. Na referência das empresas não financeiras, a melhoria foi bem mais ligeira: 0,9% para 19.038 euros. No entanto, o montante por empregado no grupo das empresas líderes ainda não igualou o verificado nas PME com volume de negócios acima de dois milhões de euros, apesar da tendência dos últimos anos ser cada vez mais de aproximação.
A tendência de dinamismo no emprego e investimento na valorização e qualificação foi, porém, interrompida pela pandemia. Desde o início de março e final do primeiro semestre foram destruídos mais de 180 mil postos de trabalho, segundo dados do INE. No entanto, os números indiciam que se possa ter conseguido estancar os estragos no mercado de trabalho, já que no mês de junho houve mais 22 mil pessoas empregadas (mais de duas mil, se ajustado de sazonalidade).
Além disso, segundo o último Inquérito Rápido e Excecional às Empresas, realizado no final de julho pelo Banco de Portugal e INE junto de cerca de 4.900 sociedades, a maioria dos empresários (cerca de dois terços) não contava fazer alterações no número de postos de trabalho. Havia 6,7% que admitiam ter de reduzir pessoal. Mas 6,9% já previam reforçar o número de funcionários. O choque foi violento e a retoma afigura-se difícil. Mas os últimos anos mostraram que as empresas portuguesas conseguiram encontrar soluções para ter um papel determinante na recuperação do emprego.