O Turismo foi um dos setores em destaque na economia portuguesa nos últimos anos e isso teve reflexo nos dados das PME Líder desta área de atividade. O número de empresas a integrar este lote restrito aumentou, assim como os seus volumes de negócios e resultados líquidos. As sociedades que conseguiram o selo de líderes destacaram-se em vários indicadores, principalmente nos que dizem respeito à solidez financeira, algo que será essencial para se conseguir passar pelas tormentas que ensombram o Turismo português.
O dinamismo do setor tem contribuído para o aumento de empresas com o estatuto de líderes nesta área de atividade nos últimos anos. São já 949 a merecerem essa distinção.
No entanto, o volume de negócios das PME Líder teve uma evolução mais contida que a média do setor. A referência de empresas não financeiras de alojamento, restauração e similares aumentou o volume de negócios em 8,4% em 2018 face ao ano anterior, para um total de 14,86 mil milhões de euros. Já no grupo das Líder nesta área de atividade aquele indicador aumentou em 5,8% para 769,8 milhões de euros.
Mas, apesar de terem ficado aquém no ano para o qual existem dados mais recentes, desde 2015 o crescimento é muito mais forte. Nesse período mais alargado, o volume de negócios das PME Líder disparou 71,7%, bem acima dos 48,5% conseguidos pela média do setor.
Mais receitas e mais negócios significaram também um acréscimo dos resultados líquidos conseguidos pelas empresas de alojamento, restauração e similares. No total do setor o aumento anual do lucro foi de 7% em 2018 para 1,58 mil milhões de euros. Já as PME Líder tiveram um desempenho mais contido nesse exercício, com uma subida do resultado líquido de 2,9% para 209,2 milhões de euros.
No entanto, mais uma vez, num período mais alargado de tempo a evolução é significativa. Os lucros acumulados, entre final de 2015 e 2018, multiplicaram-se em 2,5 vezes no grupo das líderes e triplicaram na referência das empresas do setor. Números que ajudam a perceber como o setor do Turismo se tornou num dos grandes motores de crescimento da economia nacional.
Teste à solidez financeira
Após o crescimento dos últimos anos, a crise provocada pela pandemia é uma prova de fogo à solidez e eficiência das empresas do setor. Apesar de as PME Líder terem perdido algum terreno face à média do setor no volume de negócios e na evolução dos lucros, em alguns indicadores aparentam ter chegado a esta crise numa situação mais sólida. Têm mantido, por exemplo, uma tendência de maior produtividade que a referência das empresas do mesmo setor. Em 2018 atingiu 1,81 euros por cada euro de Valor dos Empregados, acima dos 1,72 euros do total das sociedades da mesma área de atividade. De referir que em ambos os casos houve uma descida ligeira da produtividade naquele ano.
Mas numa fase em que muitas empresas tiveram de aguentar um choque de liquidez que ainda se prolonga, indicadores como o da autonomia financeira ganham especial relevo. No Turismo, há mais capital próprio nas PME Líder que na média do setor, o que as pode tornar menos vulneráveis ao impacto da pandemia no volume de negócios.
O peso do capital próprio no total do investimento das PME Líder de alojamento, restauração e similares é de 61,3%, o dobro dos 30,8% que se verifica na média das empresas desta área de atividade. A análise da Iberinform mostra que têm “muito maior autonomia financeira, muito menor peso do endividamento que implica juros, que por sua vez absorvem menos o resultado económico”. Essa característica acaba por ser um ponto ainda mais forte num contexto da seca sem precedentes que se verificou no volume de negócios das empresas ligadas ao Turismo.