Internacionalizar não é uma tarefa fácil. Mas há cada vez mais empresas a arriscar meter o pé fora de portas para aumentar o seu potencial de crescimento. E muitas das que procuram novos mercados são PME Líder, que dão um contributo importante para a balança comercial do País. Apesar de a tendência na última década ter sido de subida das exportações por parte das empresas que integram este grupo, em 2018 houve um ligeiro recuo, segundo a análise da consultora Iberinform.
“As PME Líder estão presentes em cadeias de valor internacionalizadas ao mesmo nível das referências, com uma taxa de exportação de 19,8%”, indica a consultora na análise à informação financeira destas empresas, relativa a 2018. A Iberinform complementa que “com uma menor taxa de importação (20,5%), o seu contributo para a Balança Comercial é mais favorável em termos relativos (4,6% dos negócios face a 2,9% nas PME e 1,8% no total de empresas)”. Mas constata que “as exportações nas PME Líder tiveram um decrescimento de -1,4%, em contraste com o crescimento nas referências”.
Apesar da menor taxa de exportação, as PME têm sido uma alavanca importante para a história de sucesso das exportações portuguesas nos últimos anos. Em 2010 as exportações portuguesas não tinham ido além de 37,3 mil milhões de euros. Mas no ano passado, aproximaram-se já da fasquia dos 60 mil milhões de euros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
O número de empresas a exportar teve também um crescimento significativo. Passou de 44.817 em 2010 para mais de 73 mil. Ainda assim, mais de 33.500 fazem negócio em apenas um mercado externo. Os mercados preferenciais das empresas portuguesas têm também mudado ao longo do tempo, apesar de Espanha ser, de longe, o maior destino durante a última década.
Depois do crescimento, o recomeço
O esforço de internacionalização dos últimos anos deu frutos no peso das exportações no emprego e na economia de Portugal. Mas o choque provocado pela pandemia de Covid-19 deitou por terra a tendência de evolução positiva. No primeiro semestre de 2020, as exportações de bens afundaram mais de 17%, para 25,2 mil milhões de euros, em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ainda assim, apesar da dimensão da crise do Grande Confinamento, no passado recente houve anos em que se exportou valores mais baixos que em 2020, o que indicia que houve empresas a conseguir navegar estes tempos incertos e difíceis no comércio internacional. No primeiro semestre de 2016, por exemplo, as exportações de bens não tinham ido além dos 24,7 mil milhões de euros.
Para o total do ano, os empresários contam com uma quebra de 13% das suas exportações, segundo um inquérito do INE junto de responsáveis de 3.247 empresas que representam mais de 90% das vendas ao exterior feitas pela economia portuguesa.
Ainda assim, já há gestores que tentam encontrar forma de compensar as exportações que perderam com a pandemia. Mais de 14% “das empresas respondentes alteraram ou pretendem alterar a sua estratégia de produção e de exportação, em resultado da pandemia COVID-19, nomeadamente diversificando os mercados de destino (31,7%), recentrando as exportações nos mercados da UE (13,8%) e diversificando fornecedores (11,0%)”, refere o INE.
Após o choque da pandemia, o comércio internacional poderá passar por uma redefinição devido ao desmantelamento das cadeias de abastecimento. Além disso, a Europa tenta responder à crise económica com um programa de estímulos inédito, na forma e no tamanho. Depois do trabalho de anos ter sofrido um forte recuo, as empresas enfrentam uma espécie de recomeço com a missão de, mais uma vez, recuperar terreno perdido.