Perante o cenário, até António Saraiva já teve de se manifestar e admitiu que, apesar de não ter dados que o provem, “como cidadão admito que haja especulação nalguns setores”. O ainda presidente da CIP falava em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, e nem ele conseguiu continuar a encontrar explicações para a escalada do preço dos alimentos, que voltou a bater recordes esta semana.
Segundo os dados recolhidos pela DECO Proteste, o preço do cabaz de bens essenciais subiu 1,67% desde a semana passada, o que significa uma evolução acumulada de 25,46% desde o início da Guerra da Ucrânia. Ou seja, as famílias estão a pagar mais €46,75 do que há um ano para conseguir ter em casa o mais básico dos básicos em termos de alimentação.
Produtos com maior variação de preço (23/fev) | ||||
PRODUTO | 23/fev/22 | 01/mar | Diferença | 23/02/22 – 01/03/23 |
Couve coração | 1,04 € | 2,35 € | 1,31 € | 126% |
Arroz carolino | 1,14 € | 2,29 € | 1,15 € | 101% |
Polpa de tomate | 0,89 € | 1,65 € | 0,76 € | 85% |
Alface frisada | 2,06 € | 3,41 € | 1,35 € | 66% |
Cenoura | 0,77 € | 1,25 € | 0,48 € | 63% |
Salmão | 10,38 € | 16,21 € | 5,83 € | 56% |
Cebola | 1,05 € | 1,62 € | 0,57 € | 55% |
Couve flor | 2,08 € | 3,20 € | 1,13 € | 54% |
Açúcar branco | 1,11 € | 1,69 € | 0,58 € | 52% |
Batata vermelha | 0,91 € | 1,34 € | 0,42 € | 47% |
O preço do quilo de arroz carolino já disparou mais de 100% e fixou-se agora nos €2,29; a couve coração, por exemplo, escalou 126% para €2,35 e a polpa de tomate já custa €1,65 ao invés dos €0,89 que custava há um ano. Também a cebola, a batata vermelha e o açúcar registam subidas de quase 50%.
Contas feitas e o cabaz de bens essenciais custa agora €230,38, um peso significativo nos rendimentos da grande maioria das famílias que vivem em Portugal – recorde-se que o salário mínimo é hoje de €760 e o salário médio de €1 411 [valores ilíquidos].
A carne (23,87%), o peixe (24,71%) e os laticínios (27,41%) continuam a encarecer e começa a tornar-se recorrente encontrar quem se veja obrigado a deixar na caixa de pagamento alguns bens, depois de ver a conta final. Numa altura em que a inflação dá sinais de abrandamento – e em que os preços subiram muito para além daquilo que foi a taxa de inflação – não se vê praticamente alívio nos preços que decoram as prateleiras dos supermercados. A ASAE já informou, aliás, que vai reforçar as ações de fiscalização dos preços dos alimentos nas superfícies comerciais em todo o País.