O anúncio foi feito esta madrugada, a poucas horas da apresentação ao mercado, em Londres, da atualização do seu plano de negócios 2023-2026: a EDP vai lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a EDP Brasil, empresa na qual detém uma participação de 56%. Para financiar a aquisição dos títulos que estão nas mãos de acionistas de minoritários, a elétrica vai avançar com um aumento de capital de mil milhões de euros, lê-se no comunicado enviado à CMVM. Para o garantir, diz a EDP num outro comunicado, já celebrou acordos com alguns dos seus principais acionistas, China Three Gorges incluída, na ordem dos €600 milhões.
O preço atribuído pela EDP para cada uma das ações objeto desta OPA é de R$24 (cerca de €4,3 à cotação desta quinta-feira, 2 de março), o equivalente a um prémio de 22,26% sobre o preço de fecho registado a 1 de março de 2023. A EDP Brasil, cotada na Bovespa, em São Paulo, encerrou o dia de ontem com os títulos a valer R$19,63.
A operação vai ser garantida pelo banco BTG Pactual, que atuará como intermediário e a avaliação do preço proposto pela EDP foi feita pela EY – Ernst &Young, esclareceu a EDP no mesmo documento enviado ao regulador dos mercados. O Banco Morgan Stanley S.A. e o Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados foram também contratados como assessores financeiros e legal, respetivamente, no âmbito da OPA, que implicará a compra de 240,2 milhões de ações, representando um investimento potencial de R$5,77 mil milhões (cerca de €1030 milhões).
Na atualização ao plano de negócios, que esta manhã vai ser apresentada aos investidores, a EDP revela ainda a sua intenção de reforçar o investimento em energias renováveis em cerca de €21 mil milhões – representando 85% do investimento bruto a realizar entre 2023 e 2026 – e de abandonar a produção a carvão até 2025, garantindo 100% de produção renovável até 2030. A empresa diz-se ainda comprometida em conseguir o objetivo de Net Zero Emissions até 2040 e anunciou a “implementação de uma nova política de dividendos, com um rácio de Payout entre 60-70% e um aumento do dividendo mínimo para 0,20 euros por ação em 2026”.
A EDP revelou esta quarta-feira que teve lucros de €679 milhões em 2022, 3% acima do registado no ano anterior, mas cerca de €100 milhões abaixo do resultado de €779,2 milhões que os analistas consultados pela Bloomberg previam. A empresa salientou, num comunicado enviado à CMVM já após o fecho dos mercados, que o resultado líquido recorrente acelerou 6%, para os €871 milhões, alavancado pelo “bom desempenho das operações internacionais, sobretudo da atividade de energias renováveis na Europa e nas operações de redes de eletricidade no Brasil”. No entanto, “a seca extrema registada em Portugal no período de 12 meses terminado a setembro de 2022 (ano hidrológico 2021/22, o 3º mais seco desde 1931) penalizou fortemente os resultados da EDP em 2022”, que viu os seus lucros serem ainda pressionados pelos custos não recorrentes de €192 milhões, “incluindo maioritariamente imparidades em centrais térmicas no Brasil e na Península Ibérica”. O mercado português também travou o bom desempenho do grupo, com a atividade em Portugal a registar “um resultado líquido negativo de €257 milhões de euros”.
Aumento de capital também para a EDP Renováveis
Em madrugada de comunicados consecutivos, a EDP Renováveis anunciou também um aumento de capital, no valor de mil milhões de euros, para financiar o seu crescimento. As ações serão subscritas pelo grupo GIC a um preço entre €19,25 e €20,25 por ação, informa ainda a elétrica.
A EDP R garantiu em 2022 um aumento dos lucros na ordem dos 2%, fechando o ano com resultados líquidos de €671 milhões. Recorde-se que aquando do anúncio dos resultados, a empresa revelou também a intenção de avançar como uma nova política de remuneração acionista, que prevê acabar com a tradicional distribuição de dividendo e, em alternativa, distribuir direitos sobre novas ações (o chamado Scrip Dividend).