Tudo começou com um cartão que cobrava comissões mais baixas em transferências e levantamentos no estrangeiro. Mas isso já não é suficiente para a Revolut, fintech de origem britânica que está a evoluir para ser cada vez mais um banco. A empresa tem estado, aliás, em conversas com o Banco de Portugal para poder vir a obter uma licença bancária nacional, o que lhe permitiria expandir as suas atividades para outros segmentos da atividade bancária.
O mesmo revelou à EXAME Ignacio Zunzunegui, responsável da empresa para a expansão nos mercados do sul da Europa, entre os quais o português. O objetivo é vir a criar uma sucursal em Portugal, por um lado; por outro, há a convicção de que as longas negociações com a SIBS poderão ter sucesso, permitindo assim que os cartões Revolut passem a ser aceites na rede Multibanco. Isto, no entender de Zunzinegui, “é um passo muito importante para que os clientes portugueses da Revolut possam ver nesta a sua conta principal para o dia a dia”, e não apenas algo complementar e secundário face à relação que têm com os bancos que por cá operam. Ou seja, a concorrência face à banca tradicional vai subir de tom.
A Revolut já tem uma licença bancária para operar na Zona Euro, graças à autorização dada pelas autoridades lituanas. Hoje em dia, aliás, é o fundo de garantia de depósitos da Lituânia que segura os depósitos na Revolut em toda a Europa. A novidade, quando a sucursal estiver criada em Portugal, é que os clientes passarão a ter um IBAN português e a supervisão da atividade da sucursal será do Banco de Portugal. A Revolut já tem uma licença semelhante noutros países europeus, como é o caso de França.
Mas a Revolut quer mesmo ser um banco como os outros? Para já, o caminho faz-se passo a passo, com a introdução de novos produtos e novas funcionalidades para os clientes, até porque nem todos os países nos quais a empresa opera têm a mesma oferta disponível.
Para este ano, está previsto para cá o lançamento de um “produto de poupança, porque o que está disponível no mercado em termos de depósitos rende muito pouco”. No entanto, não será um depósito nem terá capital garantido, mas sim um produto de investimento “de baixo risco, com rendibilidade de entre 1 e 4%”, que investirá em obrigações denominadas em várias moedas, segundo o responsável.
Quanto aos depósitos puros e duros e ao crédito à habitação, não é uma prioridade no curto prazo mas a estratégia do grupo é evoluir progressivamente para uma oferta cada vez mais abrangente, admite Ignacio Zunzunegui.
A Revolut tem mais de 1000 trabalhadores em Portugal, nomeadamente nas instalações de Matosinhos, que operam para todo o grupo.