Uma família que ganhe o salário mínimo e que compre apenas o estritamente necessário para comer – aquilo que o INE considera os bens alimentares essenciais, e que é um conjunto composto por 63 produtos – gasta 30% do seu rendimento apenas para colocar comida na mesa. Não é difícil perceber que isto dependerá sempre do número de pessoas e das necessidades que compõem cada agregado familiar, mas também não é difícil perceber que a situação está a agravar-se significativamente para muitas famílias em Portugal.
O cabaz de bens alimentares essenciais custa agora €222,16, mais 20,98% que antes do início da Guerra da Ucrânia. Em destaque continuam as escaladas de preços da polpa de tomate (69%), da pescada (76%) ou dos laticínios (29,10%), que fazem grande parte da dieta de quem vive em Portugal. Também o preço do arroz carolino continua a subir, estando o preço por quilograma a rondar os €1,96. Os dados são compilados pela Deco/Proteste desde o início de 2022, e revelados semanalmente.
| Produtos com maior variação de preço | ||||
| PRODUTO | 23/fev/22 | 01/fev | Diferença | 23/02/22 – 01/02/23 |
| Pescada fresca | 6,03 € | 10,61 € | 4,58 € | 76% |
| Arroz carolino | 1,14 € | 1,96 € | 0,82 € | 72% |
| Polpa de tomate | 0,89 € | 1,51 € | 0,62 € | 69% |
| Alface frisada | 2,06 € | 3,40 € | 1,34 € | 65% |
| Cenoura | 0,77 € | 1,17 € | 0,40 € | 52% |
| Açúcar branco | 1,11 € | 1,68 € | 0,57 € | 51% |
| Carapau | 3,32 € | 5,00 € | 1,68 € | 50% |
| Couve coração | 1,04 € | 1,55 € | 0,51 € | 49% |
| Leite UHT meio gordo | 0,68 € | 0,96 € | 0,29 € | 42% |
| Iogurte líquido morango | 1,93 € | 2,74 € | 0,80 € | 42% |
No mesmo sentido, também o preço de vários legumes como a alface, a cenoura e a couve coração registou subidas próximas ou mesmo acima dos 50%. Isto numa altura em que o Banco Central Europeu voltou a subir a taxa de juro, o que significa que vai haver novos aumentos nos Créditos à Habitação, a acompanhar as subidas dos serviços de telecomunicações – que estão 7,8% mais caros desde janeiro -, da eletricidade, do gás e dos combustíveis.
Com o salário médio nacional nos €1 378 (brutos), não é difícil adivinhar que os próximos meses vão continuar a deixar as carteiras das famílias cada vez mais vazias, apesar dos apoios pontuais que, segundo o Executivo, ajudam a mitigar o impacto do esforço financeiro a que as famílias estão a ser obrigadas.
Entretanto, o PIB nacional cresceu, no ano passado, 6,7%, o valor mais alto desde 1987. Em janeiro, a inflação em Portugal desceu para 8,3% segundo a estimativa do INE libertada há cerca de três dias.
