Arranca hoje o primeiro programa da Fábrica de Unicórnios de Lisboa desenhado para maximizar o potencial de crescimento de startups com presença na capital. Entre as oito empresas selecionadas, apenas seis são portuguesas.
Com o apoio estratégico da Google, Galp, Delta Cafés, Cuatrecasas, Fidelidade, BPI e PwC, o Scaling Up Program tem início com a apresentação dos modelos de negócio a 28 fundos de investimento e a mais de 30 parceiros corporate e terá a duração de oito meses. Um percurso de aprendizagem que pretende não só desenvolver as competências críticas das equipas de liderança, como apoiar na resolução de vários desafios de crescimento que enfrentam, acelerando o crescimento em Portugal e a expansão para outros mercados, com o apoio de especialistas e mentores.
Recorde-se que aquela que foi uma das grandes promessas eleitorais de Carlos Moedas na corrida a Lisboa, alberga sob a sua marca, desde outubro, a Startup Lisboa, o Hub Criativo do Beato e os programas de Scaling Up e Soft Landing.
As oito empresas foram selecionadas de um total de 33 candidaturas, tendo por base critérios de admissão focados quer no estágio atual de desenvolvimento – como o investimento angariado até à data, a robustez de equipas e o facto de terem um produto ou serviço em comercialização – quer critérios de adequação ao programa, nomeadamente a capacidade de apoio dos parceiros, o potencial de negócio futuro ou os planos de expansão internacional. Em média, têm equipas de 35 colaboradores e já levantaram, em conjunto, mais de €30 milhões.
Em comum, as oito scaleups que integram o programa têm um forte perfil tecnológico, ainda que operem em setores diversificados, como o retalho alimentar, cibersegurança, serviços financeiros, saúde ou marketing.
Na Zharta, empresa fundada, em 2021, por três engenheiros portugueses do Instituto Superior Técnico, é possível obter empréstimos colateralizados por NFT. A startup, que aposta na criação de liquidez no mercado de NFT através de uma infraestrutura financeira para o metaverso, angariou €4,3 milhões numa ronda seed em julho de 2022, liderada pelo alemão Greenfield One, um dos maiores fundos de criptomoedas da Europa.
Também fundada em 2021, a HolyWally oferece carteiras digitais para bancos, fintechs e retalhistas, facilitando remessas em moeda estrangeira, comércio eletrónico, gestão de despesas, folhas de pagamentos e seguros. Com sede em Singapura, tornou-se recentemente parceira da Visa Fintech Connect e da Microsoft for Startups, e tem uma carteira de clientes principalmente focada na região Ásia-Pacífico.
Com forte presença entre as oito startups selecionadas está o setor do retalho alimentar. O Bairro, plataforma criada em 2020 por Artem Kokhan e Milena Dovzhenko, ambos residentes em Portugal, garante a entrega de produtos frescos em 15 a 30 minutos no centro de Lisboa. Em 2021, fechou um ronda de financiamento de €1,2 milhões junto de investidores privados russos, com o objetivo de expandir a atividade, para a região do Porto e daí para o resto país.
Já a Pleez, empresa nascida também em pleno pico da pandemia, criou um algoritmo de otimização de vendas para restaurantes e plataformas de entrega, que oferece um serviço de gestão ativa dos menus dos restaurantes nas plataformas como a Glovo ou a Uber Eats. A plataforma inclui ferramentas para seguir a concorrência, tendências e insights de mercado e permite economizar tempo na análise de mercado e gestão de menus. A startup portuguesa fechou, em 2022, duas rondas de investimento, no valor total de €3,5 milhões.
Destaque ainda para a Sensei, que promete revolucionar a indústria do retalho através da visão computacional, sensores e algoritmos de inteligência artificial, que permitiram à empresa portuguesa fundada em 2017, abrir a primeira loja completamente autónoma na Europa, com a Sonae. A tecnologia que permite aos consumidores fazerem compras sem scan, pagamentos físicos ou caixas de checkout já foi também implementada no Sul da Europa e no Brasil, onde a empresa ambiciona um crescimento significativo nos próximos meses.
Na área da cibersegurança, a ORNA é uma plataforma baseada em inteligência artificial para pequenas e médias empresas que deteta ciberataques e utiliza a inteligência artificial para orientar os esforços de resposta, informação, cumprimento e prevenção através de um ambiente de colaboração inovador em tempo real. Tem sede no Canadá.
Também direcionada para os pequenos negócios, a Leadzai alia a inteligência artificial aos modelos de criação de conteúdo automático para apoiar a escrita de anúncios online e a escolha da melhor audiência. A startup portuguesa, que cobra aos seus clientes por resultados e não pelos habituais cliques, fechou em 2022 uma ronda de investimento no valor de €5 milhões. Por último, o setor da saúde está representado através da Knok, uma healthtech portuguesa fundada em 2015, que propõe uma transformação digital dos cuidados de saúde. A empresa criou uma solução de inteligência artificial que permite a leitura de sinais vitais dos pacientes – como a frequência cardíaca, respiratória ou a pressão arterial – durante uma videoconsulta. Com clientes em 12 países e quatro continentes, soma investimentos de €4,4 milhões e integra a lista da Rows das 50 startups em Portugal com crescimento mais acelerado.