O volume de negócios da maioria das 500 Maiores & Melhores (500 M&M) Empresas portuguesas recuperou e já ultrapassou em 4% os valores pré-pandemia, disse Luís Cavaco, responsável de Estudos e Analytics da Informa D&B na conferência da revista Exame que, pelo 33º ano consecutivo, distinguiu as empresas que melhor desempenho apresentaram no exercício anterior, em 2021.
Ao apresentar o estudo da Informa D&B que permite conhecer o desempenho financeiro das 500 M&M, qual o seu contributo para economia e como se estão a preparar para os desafios do futuro, Luís Cavaco salientou que 77% das empresas analisadas registaram uma subida do volume de negócios em 2021 quando, no ano anterior, marcado pelo início da pandemia, 56% tinham recuado nesse indicador.
Uma análise mais fina indica que um quarto das empresas consideradas viu as suas vendas aumentarem nestes dois anos (mais 38%, em média, do que em 2019), e que apenas 7% registou uma quebra. Contudo, 27% das empresas ainda se encontram abaixo dos valores pré-pandemia de 2019.
Sublinhando que, no seu conjunto, “as 500 M&M já superaram em 4% o volume de negócios obtido em 2019”, o mesmo responsável acrescentou que o crescimento dos indicadores financeiros aconteceu em mais de metade das empresas e em todos os 13 mercados analisado neste estudo. Mas em três desses mercados – Automóvel, Transportes e Logística e Turismo – o volume de negócios agregado continua inferior aos valores pré-pandemia. Em contrapartida, os mercados da Energia e dos Materiais de Base, fortemente exportadores, já estão acima dos números de 2019.
O desempenho das exportações foi igualmente positivo em 2021, já que dois terços das empresas apresentaram uma melhoria nos resultados obtidos nos mercados externos, cujos proveitos cresceram 30% em termos agregados. Em 2020, ano de contração no comércio mundial, 20% das empresas tinham assistido a uma quebra das vendas no exterior.
No que toca à rentabilidade, a análise da Informa D&B indica ainda que os resultados empresariais quase triplicaram, em relação ao ano anterior, e que dois terços das empresas registaram uma melhoria nos lucros. No universo das 500 M&M, 82% das empresas apresentam lucros.

“Não é bom para as empresas, não é bom para os bancos”
Na abertura da conferência, Alberto Ramos, country manager do Bankinter Portugal, referiu que o contexto económico mundial de “grande incerteza” e o aumento das taxas de juro do BCE estão já a “afetar as empresas” e a provocar constrangimentos no recurso ao crédito. Ora, “o que não é bom para as empresas, também não é bom para os bancos. Já estamos a sentir os efeitos”, prosseguiu.
A Informa D&B mediu também a preparação destas cinco centenas de empresas para lidarem com as incertezas da conjuntura, designadamente o aumento dos preços da energia e das matérias-primas, concluindo que, para quase três quartos das empresas, a capacidade de resistir aos choques é “elevada ou média alta”, apesar do impacto “alto” da subida dos custos. “As 500 M&M estão de facto preparadas para o que aí vem, o que é sempre bom”, disse ainda aquele responsável.
Acreditando que Portugal “deverá escapar à recessão” e que os empresários nacionais serão “capazes de transformar obstáculos em oportunidades”, Alberto Ramos lamentou, no entanto, o “grau de execução bastante baixo” dos fundos do PRR. No setor financeiro, defendeu a necessidade de conjugar “prudência com equilíbrio” na gestão do crédito, de forma a manter os bancos com saúde para apoiarem a economia. E, para o País, desejou maior estabilidade governativa, maior desburocratização, mais empreendedorismo e mais competitividade fiscal.