Um guia de boas práticas disponível online, um sistema de pontuação para perceber em que estadio de desenvolvimento se encontra a sua empresa e uma bolsa de quadros de topo disponíveis para o ajudar a profissionalizar a gestão são os três pilares do programa Metamorfose, lançado esta semana pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP), em parceria com o Instituto Português de Corporate Governance (IPCG). Destinada a acelerar o crescimento e competitividade das PME portuguesas, esta iniciativa pretende chegar a mais de 50 mil empresas, contribuindo para o seu crescimento e, por essa via, desenvolver o país.
“Nos últimos meses, a Associação BRP tomou a iniciativa de ouvir diversos especialistas do meio académico e empresarial para nos ajudar a compreender as razões que justificam a falta de escala das empresas portuguesas e a conclusão é que seria necessário acelerar a profissionalização da gestão das PME e robustecer as estruturas de governance que, nestas organizações, podem constituir uma barreira que impede as empresas de crescerem e se tornarem grandes”, justificou António Rios Amorim, vice presidente da Associação que reúne 42 lideres de grupos empresariais. “A falta de escala e o problema da baixa produtividade do tecido empresarial português são temas que Portugal debate há largos anos e urge uma mudança deste paradigma para que seja efetivamente possível transformar o país e torná-lo mais próspero”.
Também João Moreira Rato, presidente do IPGC, considera que a “consciencialização das empresas” acerca das boas práticas “é fundamental para que estejam mais bem preparadas para os desafios presentes e futuros e para que se desenvolvam de forma sustentável”, já que “é um dos elementos chave para a competitividade” e “um impulsionador de crescimento e um fator adicional de atração para investidores e talento”. De resto, estes empresários consideram importante partilhar os caminhos que as suas próprias empresas percorreram até conseguirem ter uma estratégia integrada de corporate governance que as tornaram supostamente mais sólidas. Atendendo a que “99,9% do tecido empresarial português” é representado por PME, esta associação acredita que a partilha das suas experiências ajudará a que ganhem dimensão e se tornem mais sustentáveis.
“Somos 42 grandes empresas que acreditam que Portugal deve ter maior ambição para regressar ao top 15 europeu de riqueza per capita”, refere Vasco de Mello, presidente da Associação, adiantando acreditar que a iniciativa privada também pode contribuir para “esta missão de crescimento nacional” e “não apenas o Estado”.
Guia online de boas práticas
Já está disponível e identifica 68 medidas e recomendações práticas que devem ser adotadas gradualmente pelas empresas de forma a melhorarem o modelo de gestão e o reforço das suas estruturas. De acordo com a informação adiantada, o guia pretende ainda “complementar o atual Código do Governo das Sociedades, cujo foco está centrado sobretudo nas grandes empresas cotadas, traduzindo as boas práticas de corporate governance para um contexto de empresas mais pequenas/medias e de menor complexidade organizacional”.
Identifica, por exemplo, os cinco pilares relacionados com as diferentes fases de maturidade da empresa e as quatro fases distintas da evolução empresarial, tendo em conta os desafios a que estão expostas.
Saiba qual a pontuação da sua empresa
Esta ferramenta ainda não está disponível, mas prevê-se que esteja muito em breve. Será um modelo de pontuação (scoring), “que permitirá às empresas medirem o seu grau de maturidade em matéria de governance, conhecerem os seus pontos fracos e fortes e compararem a sua avaliação com os resultados do setor e com empresas de dimensão ou estágio de maturidade similares”.
Para Ana Paula Marques, líder do grupo de trabalho de Corporate Governance da Associação BRP, este será um “instrumento vital para que tenham uma real perceção do estádio em que se encontram e de como podem evoluir”. A intenção é que, a prazo, as empresas que se submetam a este scoring se possam candidatar a uma certificação em governance, que ajude a facilitar o acesso a melhores condições de financiamento.
Precisa de ajuda? Recorra a um colaborador da bolsa de quadros
Uma bolsa de conselheiros formada por mais de 40 quadros superiores e executivos provenientes dos grupos empresariais que constituem a Associação BRP que “estarão disponíveis para desafiar e apoiar as equipas de gestão” das PME interessadas, obtendo assim uma “visão externa e independente”. Os conselheiros, por sua vez, completarão uma formação especifica, administrada pelo IGCP, na área de governança.
Um projeto piloto foi já posto em ação, com quatro conselheiros em quatro empresas. Mas os seus promotores pretendem que cresça ainda até ao final deste ano.