Nestas páginas (ou neste espaço online, no caso) vai haver espaço para a produção nacional e internacional, para vinhos brancos, tintos e rosé, para histórias de famílias que fazem vinhos há várias gerações e para as outras que começaram agora mas já estão a dar cartas – ou pelo menos a tentar – num setor que tem tanto de desafiante quanto de inspirador.
Não vamos fazer crítica de vinhos e nem vai haver notas de prova com toda a técnica que os especialistas consideram ser relevante – porque é precisamente para isso que existem os especialistas, que nós não somos. Mas queremos tentar que as suas escolhas sejam mais fáceis, dar-lhe a conhecer produtores e referências que nem sempre têm destaque e, possivelmente, vamos também falar-lhe de muitos vinhos de que ouviu falar e cuja história até já conhece.
Acreditamos que cada consumidor é que sabe que vinho é melhor para si, pelo que tentaremos simplesmente identificar o perfil de cada um, referindo as características mais evidentes, para que decida se aquela referência em particular lhe faz sentido – ou a alguém com quem goste de partilhar as refeições. Também é possível que deixemos muito claras as nossas escolhas pessoais porque, lá está… acreditamos mesmo que um bom vinho é aquele que nos sabe bem beber, mesmo que mais ninguém o aprecie.
Para o mês que agora começa, já com cheiro a férias e a tanto calor, escolhemos um branco da Bairrada, um tinto do Alentejo e um champanhe (de Champagne, naturalmente). Achamos que qualquer um pode ser uma mais-valia na garrafeira – ou no copo! –, nas próximas semanas, em que se multiplicarão os churrascos, os almoços de petiscos, os jantares de família e entre amigos. Como também não acreditamos na regra – quem a terá inventado? – de que só se pode acompanhar carnes com tinto e peixe com brancos, achámos melhor dar-lhe sugestões para todo o tipo de gostos.
Porém, garantimos, desde já, que haverá meses em que só falaremos de brancos ou de tintos ou até só de rosés, quem sabe? Haverá meses em que traremos apenas um produtor, outros em que falaremos de vários e será tudo uma misturada. Mas se o vinho ganhou protagonismo nas nossas mesas e na nossa economia é também porque é um produto despretensioso, acessível e com o qual gostamos de celebrar. Por isso, queremos que nestas páginas ele tenha a mesma função: tornar esta leitura num momento aprazível e descomplicado.
Assim, prometemos dar o nosso melhor para lhe deixar sempre algumas sugestões com as quais poderá surpreender amigos e família, na próxima festa – ou a sua garrafeira, com a aquisição de um “néctar dos deuses” para guardar para uma data especial!
*Artigo publicado originalmente na edição 459 de julho de 2022 da revista EXAME
Avô Fausto 2017
> Região
Bairrada
> Onde encontrá-lo?
Nas principais garrafeiras do País, com um preço a rondar os €28 por garrafa
> O vinho
Da primeira vez que o bebemos, tínhamos a certeza de que não íamos apreciar este vinho da Bairrada – porque preferimos outras regiões. Mas o Avô Fausto, primeiro da família a vinificar na Quinta das Bágeiras, fez-nos arrepender destes pensamentos. É um vinho elegante, com uma frescura crocante, floral e levemente fumado. Está pronto para beber agora, mas tem potencial para ser guardado mais uns anos em garrafa. Gostámos particularmente de o acompanhar com um bom bife – tem a acidez certa e o volume necessário.
Billecart-Salmon Brut sous bois
> Região
Champagne
> Onde encontrá-lo?
No Clube del Gourmet do El Corte Inglés e em garrafeiras selecionadas, a rondar os €89 por garrafa
> O vinho
Se gosta de vinhos brancos envelhecidos, este champanhe pode ser uma boa opção. Encorpado, estruturado, muito fresco no nariz, é na boca que mostra a sua oxidação – garantida por pelo menos seis anos de envelhecimento em borras, na garrafa – e os sabores a carvalho-francês. Queijos, enchidos, marisco ou carnes brancas… qualquer uma destas opções é boa companhia para esta referência.
BR Baga
> Região
Alentejo
> Onde encontrá-lo?
No site do produtor (www.couteiro-mor.pt) e em garrafeiras selecionadas. Cerca de €16 por garrafa
> O vinho
A primeira reação quando se olha para este vinho é perguntar quem é que se lembra de apostar em Baga, casta típica da Bairrada, numa região tão diferente como a do Alentejo. Mas a acidez desta variedade parece ter encontrado a sua missão ao equilibrar as elevadas temperaturas da região e ao permitir este curioso monocasta, muito intenso na boca e com taninos suaves e um final prolongado. Este tinto, para nós, é claramente para acompanhar peixe, marisco ou carnes brancas.