Os dados mostram o que há muito o ecossistema do empreendedorismo nacional vem repetindo: Lisboa reúne as condições ideais para a atração de talento e, agora, também para os novos nómadas digitais, nomeadamente executivos. No estudo divulgado esta quarta-feira pela multinacional de origem britânica, a capital portuguesa bate cidades como Miami, Dubai ou Barcelona.
A imobiliária Savills analisou 15 mercados mundiais, segundo um conjunto de fatores apelativos para profissionais em trabalho remoto. O clima, aliado a boas infraestruturas tecnológicas, e às condições de qualidade de vida – onde se incluem os baixos custos, desde logo, na habitação – colocam Lisboa no primeiro lugar do ranking global dos melhores lugares para trabalhar.
“A pandemia foi um catalisador para os executivos saírem do escritório”, disse Paul Tostevin, diretor global de research da Savills, em declarações à Bloomberg. “Lisboa oferece as vantagens de uma vida citadina e os benefícios de estar na União Europeia”.
Mas Lisboa não é a única região portuguesa a constar do ranking da Savills, que coloca o Algarve em quarto lugar, à frente de Barbados, Dubrovnick ou Malta. Mais uma vez, o clima, a praia e a facilidade de ligações aéreas são fatores de sucesso para a região mais a sul de Portugal. “As pessoas estão a tornar as suas casas de férias cada vez mais permanentes”, disse James Robinson, diretor de vendas da QP Savills, a agência da imobiliária no Algarve. “Os clientes procuram espaço para escritórios, o que não acontecia antes, e internet de alta velocidade. Temos ambos aqui.”
Em Lisboa, Ricardo Garcia, diretor de ativos residenciais da Savills, diz esperar que o fluxo continue à medida que a capital consolida o status enquanto hub tecnológico. “As empresas estão a mudar a sua sede para Portugal”, afirma Garcia. “A área está a tornar-se cada vez mais internacional e não vejo Lisboa, ou Portugal, a abrandarem tão cedo”.
A pressão da procura internacional reflete-se no mercado de habitação na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e também no Algarve, com os estrangeiros a comprarem casas cujo valor mais do que duplica o valor pago por cidadãos nacionais.
De acordo com a nova série do INE, divulgada na semana passada e que inclui o cruzamento de dados com a Autoridade Tributária, os estrangeiros pagam, em termos medianos, €4.283 por metro quadrado para comprar casa na AML – enquanto o comprador português se fica pelos €1.858. Já no Algarve os estrangeiros a pagam €2.547 por metro quadrado, contra €1.969 dos cidadãos nacionais.