António Ramalho vai deixar a presidência do Novo Banco, seis anos depois de ter assumido o cargo. A informação foi avançada pelo banco em comunicado enviado esta quinta-feira à CMVM. Neste, a instituição explica que Ramalho entende estar concluída a parte decisiva do processo de transformação do banco que resultou da resolução do Banco Espírito Santo.
“Na sequência da divulgação dos Resultados do Exercício de 2021, no início de março, e da sua aprovação pela Assembleia Geral do novobanco da semana passada, apresentando o Banco, pela primeira vez, lucros consolidados ao longo de quatro trimestres consecutivos, bem como da realização de outros importantes marcos, incluindo o regresso ao mercado de capitais, o lançamento de uma nova marca e um novo modelo de negócio, António Ramalho considera ser este o momento para passar a pasta a um novo CEO que lidere o Banco no futuro”, pode ler-se no documento.
O mandato atual de António Ramalho deveria terminar em 2024 e o gestor não havia dado indicações de que estaria para sair. Depois de suceder a Eduardo Stock da Cunha, em 2016, Ramalho dirigiu o banco detido maioritariamente pela Lone Star, num processo marcado pela tensão com o poder político devido às consecutivas exigências de capital ao Fundo de Resolução. Mais recentemente, o gestor viu-se envolvido na polémica relacionada com Luis Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, na preparação das audições na Comissão Parlamentar de Inquérito ao banco. Na altura, foi lançada pelo banco uma “análise independente” à propriedade das relações entre Ramalho e Vieira, sendo que a Lone Star manteve a confiança no banqueiro, no final desse processo.
“Faço questão em agradecer a António Ramalho a sua liderança ímpar, a sua dedicação e o seu contributo para garantir a viabilidade de longo-prazo do novobanco. António Ramalho foi o rosto da liderança de um processo de transformação do Banco, que incluiu a concretização de todos os compromissos definidos no
Plano de Reestruturação”, afirma no comunicado Byron Hanes, presidente do Conselho Geral e de Supervisão do banco. “A ele se devem ainda a limpeza do balanço do legado do BES, investindo em e apoiando a nossa ação comercial, o lançamento de uma nova marca e a definição de um modelo inovador de distribuição omnicanal. Esta transformação permitiu ao novobanco realizar um crescimento rentável e sustentável, e garantir o apoio continuado aos nossos clientes e à Economia Portuguesa em 2021, assegurando o caminho para a concretização dos objetivos do Banco a medio prazo”, conclui o mesmo responsável.
Já o próprio António Ramalho: sublinhou o “privilégio que constituiu a possibilidade de liderar uma vasta equipa num processo único e irrepetível, numa conjuntura adversa e em cujo sucesso poucos acreditavam, preservando um banco sistémico, milhares de postos de trabalho e um incontável número de empresas, e dessa forma o normal funcionamento da Economia Portuguesa”.
Ramalho ainda apresentará os resultados do Novo Banco relativos ao primeiro semestre de 2022. Sairá em Agosto mas, depois disso, continuará ligado à instituição: será firmado “um acordo de serviços de consultoria e assessoria, com reporte direto ao Presidente do CGS”.