A corrida pela diversificação de fornecedores de energia já começou. Esta sexta-feira a Comissão Europeia fechou um acordo importante para diminuir a dependência da Rússia, ao assinar uma parceria com os EUA para o fornecimento adicional de 15 mil milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL). Ursula von der Leyen considerou este acordo como “um grande passo” para assegurar a segurança energética na Europa. Em 2021, os EUA tinham já fornecido 22 mil milhões de metros cúbicos de GNL aos países europeus.
No imediato, esta parceira permitirá substituir cerca de 10% do gás natural russo importado pelos países da UE. Segundo um relatório recente da Agência Internacional de Energia (IEA) em 2021, os países europeus importaram 155 mil milhões de metros cúbicos de gás vindo da Rússia. A esmagadora maioria, cerca de 140 mil milhões, chegou através de gasodutos. Os outros 15 mil milhões eram importados sob a forma de GNL. Com este acordo, os fornecimentos através desta última via poderão ser totalmente compensados.
Além do aumento em 2022, a Comissão Europeia conta com uma subida significativa de fornecimentos de GNL americano nos próximos anos. A meta é que exista um acréscimo de 50 mil milhões de metros cúbicos por ano até, pelo menos, 2030. Esse valor permitiria compensar cerca de um terço das importações que a UE faz da Rússia. O objetivo da Comissão Europeia, e a que os EUA se associam, é de cortar totalmente com a dependência de gás vindo da Rússia até 2027. Para isso, refere o comunicado sobre esta parceria, “os EUA comprometem-se a manter um ambiente regulatório propício com procedimentos de análise expeditos sobre as licenças para quaisquer instalações adicionais de GNL que sejam necessárias para atingir este objetivo de emergência se segurança energética”.
A maior produção de gás nos EUA, obtido a partir de técnicas de fraturamento hidráulico, e o seu transporte para a UE tem um custo ambiental pesado. Nesse sentido, Washington e Bruxelas dizem que vão empreender esforços para reduzir a intensidade das emissões de gás de efeito de estufa de todas as novas infraestruturas de GNL, incluindo formas de reduzir as fugas de metano e a construção de infraestruturas que estejam já prontas para hidrogénio renovável.
O primeiro carregamento de GNL americano para a Europa aconteceu em 2016. Desde então, os EUA têm crescido o seu fornecimento à UE. Os dados da Comissão Europeia mostram que 2021 foi um ano recorde, com a importação de 22 mil milhões de metros cúbicos, com um valor estimado de 12 mil milhões de euros. No arranque deste ano, o ritmo aumentou, já que o fornecimento de GNL dos EUA foi de 4,4 mil milhões de metros cúbicos só no mês de janeiro, um novo máximo histórico.