“Quando o vento soprar contra, nós vamos ser mais competitivos graças à nossa forte capacidade de reagir ao mercado”, garante Eduardo Garcia e Costa, Regional Owner da KW em Portugal. Em conversa com a EXAME, o responsável daquela que já é uma das maiores consultoras imobiliárias do País mostra-se relativamente otimista em relação ao comportamento do mercado nos próximos meses, mas acima de tudo, “muito realista”.
Com 2500 pessoas a trabalhar com a empresa, atualmente, Eduardo acredita que este número é para aumentar, tal como será para aumentar o volume de transações imobiliárias. Espera fechar o ano com um crescimento de 60% do volume de operações – o que representa um valor aproximado de €1600 milhões – face a 2020 e, apesar de acreditar que o mercado vai continuar atrativo, admite que os ciclos têm sempre de reajustar em algum momento. E em contra corrente com aquilo que têm dito os seus principais concorrentes no mercado, nacional, prevê alguma quebra nos preços precisamente para o reequilíbrio de um mercado que está significativamente sobreaquecido. “Vai ser um movimento normal e os ciclos são regulares…não vai ser trágico”, sorri recostando-se na cadeira, como quem diz que já passou por mais momentos como este.
O gestor, que coordena toda a operação nacional, afirma que não quer que a KW seja uma empresa de comerciais – “não é!” – mas sim “de empreendedores”. “Nós não acreditamos numa lógica de capitalização como a Remax ou a Century 21. O que eu quero é dar ferramentas de formação e criação de negócio às pessoas que trabalham connosco”, explica. É por isso que se sente bastante confiante para atravessar seja qual for o momento que o mercado viver. Porque acredita que tem uma estrutura sólida, profissionais experientes e uma rede bem montada para conseguir, em breve, ser a líder de mercado “e a maior imobiliária em Portugal”.
Os consultores KW trabalham com vendas e com arrendamentos e fazem um acompanhamento que se estende ao longo do tempo, muito para além da operação de compra, venda ou arrendamento, com todas as partes envolvidas no processo. Eduardo explica que isso faz tudo parte do modelo de gestão e de negócio, virado para as pessoas.
Para o responsável pela KW, a ausência de regulação da atividade imobiliária, em Portugal, é um tema que deveria estar em cima da mesa, precisamente para evitar a criação de uma imagem nem sempre positiva que se foi criando dos consultores imobiliários e das próprias empresas. “Devíamos olhar um bocadinho para o modelo usado nos EUA”, onde a atividade dos mediadores e consultores imobiliários é bastante regulada, evitando dissabores em operações que envolvem, na maioria dos casos, toda a liquidez que as pessoas têm disponível para um investimento.
“Acredito que a última crise [há 10 anos] fez com que as pessoas que entraram para o setor tenham provocado um aumento da qualidade do serviço prestado em Portugal. Muitas delas vinham de outras áreas, e isso ajuda a ter um olhar muito diferente e a ser mais criativo nas abordagens”, considera.
E, explica, a KW destaca-se ainda por uma outra questão que acredita fazer toda a diferença: a normalização da partilha de conhecimento e experiência entre consultores, que tentam que se sintam colegas e não concorrentes.
“Fazemos questão de promover momentos de partilha de conhecimento, que é algo muito natural para os nossos consultores”. No mesmo sentido, a KW reforça as formações ao longo de todo o ano, sejam as de âmbito nacional ou ligadas à rede KW internacional. Para Eduardo, o segredo do sucesso está precisamente em perceber que juntos podem ir mais longe, e que a concorrência em termos micro só penaliza a empresa no longo prazo.
E, claro, o sucesso assenta ainda numa liderança forte e que sirva de exemplo. “Começámos com 80 pessoas, em Portugal. Hoje somos 2 500, pelo que a nossa tarefa também tem de mudar. Nós todos somos seres em permanente evolução, tal como o mercado, e enquanto líderes, também nós devemos ser exemplo disso mesmo”, explica Eduardo. O gestor, de trato descontraído e sorriso fácil, explica ainda que a KW veio mesmo para ficar no mercado, e que espera conseguir consolidar a presença no segmento médio e médio-alto. Acredita que a estratégia que tem sido seguida pela marca nos mercados internacionais dará fruto também em Portugal, e espera conseguir continuar a angariar talento durante o próximo ano.
“Nós não estamos permanentemente a vender casas”, recorda. “Daí que eu esteja sempre a recordar que este é um modelo de negócios centrado nas pessoas. Porque este acompanhamento de que lhe falava, a formação constante e a troca de experiências fazem mesmo a diferença ao longo do ano de atividade”, reforça.
Contas feitas, e a KW fecha o ano de 2021 com otimismo, e a certeza de que vai conseguir continuar a crescer mesmo que a economia sinta a já esperada travagem durante os próximos anos.