As medidas de desconfinamento e o avanço na vacinação contra a Covid-19 levam os empresários hoteleiros do Algarve a encarar o verão com um “otimismo moderado”. À espera de um 2021 com resultados melhores do que no ano passado, alertam que tudo dependerá de as reservas, que estão em crescimento, virem a concretizar-se em dormidas na região.
“Esperamos um ano ligeiramente melhor do que o ano passado, mas longe ainda dos números a que estávamos habituados. Se tudo correr bem, as nossas perspetivas são que além do mercado interno, que é aquele com que contamos este verão, tenhamos também alguns mercados externos, como Reino Unido, que é o principal”, disse à EXAME Elidérico Viegas.
O presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA) alerta, no entanto, que o aumento de reservas que começa a fazer-se sentir “em função da maior confiança” não quer dizer forçosamente mais dormidas, um domínio em que a incerteza se acentuou. “Vivemos períodos atípicos e anormais. As reservas não têm o mesmo valor que no passado, não dão a mesma garantia de concretização”.
Com a iminência da quarta fase de desconfinamento e da abertura das fronteiras com Espanha (que pode acontecer já este sábado, 1 de maio), é esperado que este mercado, que normalmente gera pouco mais de um milhão de dormidas, venha a assumir uma importância maior para o Algarve, à semelhança de outros mercados considerados de proximidade, como os do centro da Europa, que ficam a duas horas de avião da região. “Espanha não tem uma grande representatividade, mas é um dos que passam a ser vistos como estratégicos e prioritários. O mercado interno alargado deve ser entendido como Portugal e Espanha”, argumenta o dirigente.
O Algarve prepara-se para o verão de 2021 depois de um ano de quedas a pique nos principais indicadores turísticos, fatura deixada pelas medidas de combate à Covid-19 e pela incerteza gerada pela pandemia. Com menos 13 milhões de dormidas (um rombo de 62,1%), foi o mercado interno, que contribuiu com cerca de metade do número total de pernoitas, a garantir a pouca atividade na região. Reino Unido, Alemanha e Países Baixos, que em 2019 tinham sido os maiores mercados externos, derrocaram em 2020. As dormidas dos britânicos ficaram reduzidas a um sexto, as da Alemanha e Países baixos a menos de metade.
Os primeiros meses deste ano mostram descidas ainda maiores (na ordem dos 80%), já que comparam janeiro e fevereiro, meses de novo confinamento, com o mesmo período de 2020, em que a pandemia ainda não tinha afetado uma atividade em forte crescimento.
Elidérico Viegas espera que, se a vacinação evoluir favoravelmente, o Algarve vá a tempo de contar com uma época alta de golfe “quase normal”. A época baixa que se seguirá, ainda deficitária, vai permitir o ajustamento dos agentes turísticos, espera o presidente da AHETA. E criar condições para, na Páscoa de 2022, encarar a perspetiva de uma retoma e crescimento futuro dos fluxos turísticos. Ainda assim, não embandeira em arco: “O regresso à normalidade, em termos turísticos, vai demorar mais algum tempo. Sobretudo para um setor que, na região, tem uma atividade deficitária há ano e meio.”