A rede de lojas Toys “R” Us, especializada na venda de brinquedos, está a viver um “ano positivo” e chegou ao quarto trimestre “de forma sustentada”, apesar das restrições criadas pelo combate à pandemia. Nos primeiros meses de confinamento, até ganhou quota de mercado e viu as vendas no canal online atingirem um pico, crescendo 10 vezes em relação ao mesmo período de 2019, num “aumento absolutamente espetacular”. No ano que vem, além de apostar nesta forma de transação, quer implementar um novo modelo de loja em mais cidades, investimentos que chegarão a cerca de 6,5 milhões de euros.
“As tecnologias são fundamentais para chegar aos consumidores bem como a experiência em loja. Queremos estar na vanguarda da mudança,” diz à EXAME Paulo Sousa Marques, CEO da Toys “R” Us Espanha e Portugal, sublinhando, em respostas por escrito, a chegada de um milhão de novos utilizadores à plataforma de venda online nos primeiros meses da pandemia e o peso de cerca de 20% que este canal já tem no negócio.
O responsável acredita que a pandemia trouxe mudanças estruturais à experiência de compra, com a procura de espaços que garantam novas formas de comprar e experienciar artigos com o mesmo conforto e segurança das compras online. O que leva a empresa a manter a estratégia de fortalecimento dos canais físicos de venda no espaço ibérico. No total, na reformulação de 10 pontos de venda com o objetivo de cruzar diversão e tecnologia na experiência de compra de jogos e brinquedos, aplicou 7,5 milhões de euros. Nos últimos meses, inaugurou várias lojas em Espanha e remodelou três em Portugal.
Entre as novidades nestes pontos físicos está a distribuição das grandes superfícies em áreas distintas, a introdução de elementos digitais como hologramas e totens que permitem consultar, comparar preços ou fazer compras diretamente no site da marca, e a criação da Frikizone, uma zona específica com artigos e colecionáveis para “kidults”, adultos/adolescentes que gostam de fazer ou de comprar coisas destinadas a crianças. Lançou recentemente uma linha de brinquedos ecológicos e está a preparar a criação de uma nova categoria virada para as famílias.
Tal como outras empresas no setor, a Toys “R” Us identificou tendências trazidas pela pandemia – como a prioridade às brincadeiras em família, a partilha de trabalhos manuais, puzzles e outros brinquedos de construção entre pais e filhos – que, confia, terão vindo para ficar. “As famílias redescobriram o prazer de brincar! Perceberam que estes momentos são importantes e naturalmente que os valorizaram”, ilustra Paulo Sousa Marques. Uma opinião partilhada por outros produtores e distribuidores de jogos e brinquedos no País, que falaram à EXAME a propósito deste mercado num trabalho publicado na edição de dezembro, que já está nas bancas.
Com cerca de metade do volume de vendas anual da Toys “R” Us normalmente realizado na quadra do Natal, Paulo Sousa Marques deteta por esta altura alguma antecipação da compra, mas diz que o resultado final dependerá da evolução da pandemia e das medidas que serão impostas para o seu controlo. Além da aposta no comércio físico, a época está também a ser trabalhada nos canais de vendas online, com ações de fidelização e reforço de stock. “A campanha de Natal não deixa de ser claramente a maior aposta da empresa para reforçar as vendas online, porque sabemos que este canal é não só a chave para o confinamento como permite potenciar” estas épocas, acrescenta o responsável.
A Toys “R” Us, cuja operação na Península Ibérica foi comprada em 2018 pela Green Swan, tem 11 lojas físicas no mercado nacional, que empregam 250 pessoas. No espaço ibérico, o número total de lojas é de 59. A Toys “R” Us Portugal faturou 32 milhões de euros e lucrou 197 mil euros em 2019, segundo dados da Informa D&B.