A TAP fechou os primeiros nove meses do ano com prejuízos de 700,6 milhões de euros, um aumento de 589,8 milhões de euros em relação ao mesmo período do ano passado, com a redução dos gastos operacionais em 40% a não ser suficiente para compensar a queda de 66% nos rendimentos de passagens, manutenção e carga e correio, resultante da diminuição do tráfego causada pela epidemia de Covid-19.
No comunicado enviado esta segunda-feira, 30 de novembro, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a transportadora refere que naquele período o número de passageiros afundou 70,2% para 3,86 milhões (um ano antes tinham sido quase 13 milhões). Ainda assim, as contas mostram uma descida nos prejuízos no terceiro trimestre deste ano (118,7 milhões negativos contra 187 milhões no mesmo período de 2019), período marcado por cortes de capacidade e de custos, nomeadamente reduções de pagamentos com leasings operacionais, rendas e recurso ao Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva da Atividade no caso dos trabalhadores.
“Esta foi uma importante contribuição, embora a natureza temporária da mesma dite que soluções permanentes sejam atingidas através das interações com os sindicatos representativos dos trabalhadores da TAP,” refere a nota. A empresa e o Boston Consulting Group estão a ultimar o plano de reestruturação que deverá prever, segundo os sindicatos, a saída de 3.000 trabalhadores, incluindo 500 pilotos e 750 funcionários de terra. Até ao final de setembro a transportadora (TAP S.A.) tinha menos 427 trabalhadores do que um ano antes, num total de 8.510 funcionários.
O plano de reestruturação apresentado na sexta-feira aos sindicatos, e que será entregue em Bruxelas até ao próximo dia 10, prevê ainda uma redução de 25% da massa salarial (protegendo os vencimentos mais baixos) e do número de aeronaves, que passarão das atuais 101 para 88 no ano que vem. Nos próximos meses é esperada a saída de oito aviões (Airbus A320 e A319) e a entrada de duas aeronaves “de última geração” (Airbus A320Neo e A321 Neo) que chegarão até ao final do ano.
A nota dá ainda conta de que a TAP já recebeu mais de metade do valor do empréstimo de Estado que já foi aprovado para socorrer a companhia. Até setembro, entraram nos cofres da companhia, em quatro tranches, um total de 582,4 milhões de euros, dos 946 milhões de euros aprovados como auxílio de Estado pela Comissão Europeia. No total, a empresa poderá vir a receber até 1.200 milhões de euros, se vier a ser aprovado o empréstimo adicional de 254 milhões de euros. A entrada daquela verba permitiu melhorar a liquidez da empresa para 326,8 milhões de euros a 30 de setembro, face a 182,6 milhões no final do trimestre anterior (30 de junho de 2020).