A TAP prevê reduzir o seu quadro de trabalhadores em 3.000 pessoas e despedir 500 pilotos e 750 trabalhadores de terra, no âmbito do plano de reestruturação que está a ser preparado. Os números foram avançados este sábado num comunicado do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) e numa nota conjunta de sete sindicatos, citados pela Lusa. O plano, desenhado pelo Boston Consulting Group (BCG) também prevê uma redução de 25% da massa salarial, que não afetará os vencimentos mais baixos, referem as mesmas fontes.
A saída dos 3.000 colaboradores (que se juntaria a 1.600 que não viram o seu contrato renovado nos últimos meses) deverá ocorrer através de rescisões por mútuo acordo, licenças sem vencimento de longa duração, trabalho a tempo parcial e outros mecanismos ainda em análise, avança aquela agência. Os sindicatos referem a possibilidade de recurso a despedimentos coletivos.
As estruturas sindicais mostram-se desagradadas pelo facto de “não ter havido qualquer reunião de trabalho” com a administração e falam da “apresentação de factos consumados, o que sempre dissemos que não aceitaríamos”, acusaram.
Em causa, no caso do pessoal de terra, estará a saída de 450 trabalhadores da manutenção e engenharia (M&E) e 300 trabalhadores da sede. No final do ano passado a empresa tinha 10.600 colaboradores.
Operação reduzida de 30% a 50%
Esta sexta-feira, numa nota enviada aos trabalhadores, a administração da companhia estimou uma redução de 30% a 50% da operação da TAP nos próximos anos, em resultado do impacto causado pela pandemia de Covid-19. Uma expetativa de queda que ameaça a viabilidade da empresa, colocará a sua atividade em níveis de há uma década e que é usada como argumento para justificar a reestruturação da companhia aérea, a apresentar na próxima semana.
Segundo um comunicado enviado aos trabalhadores, citado pela Lusa, a administração espera uma quebra de receitas “colossal” ao longo dos próximos anos, que impõe “uma vigorosa redução de custos”. Redução essa que, além das medidas de corte já implementadas junto de fornecedores e prestadores de serviços, passará pelas referidas propostas de rescisões de mútuo acordo e licenças não remuneradas de longo prazo e trabalho a tempo parcial. que avançam nas próximas semanas.
O Sindicato Independente de Pilotos de Linhas Aéreas (SIPLA), numa nota aos seus associados, refere ainda que o plano de reestruturação prevê o redimensionamento da frota em 2021 das atuais 105 para 88 aeronaves. Até 2025 o número de aparelhos poderá voltar a aumentar para 101 aviões.
Evitar o “fim da TAP”, diz a administração
“Quanto maior for a adesão” a estas propostas de rescisões e licenças agora admitidas pela administração, “menor será a necessidade de outras medidas a decidir futuramente”, refere o mesmo comunicado, assinado pelo chairman Miguel Frasquilho e pelo CEO Ramiro Moreira, que chegou esta sexta-feira aos trabalhadores. A nota dramatiza o futuro da empresa, afirmando que esta precisa de um plano de reestruturação que “assegure a sua sobrevivência” e evite “o fim da TAP”.
Esta sexta-feira a companhia divulgou um comunicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários onde dá conta da entrega previsível do plano de reestruturação à Comissão Europeia até 10 de dezembro, depois de concedido pelo Estado o empréstimo de até 1.200 milhões de euros para socorrer a companhia face aos impactos de redução da procura causados pelas limitações de combate à pandemia da Covid-19.
Além disso, prescindiu do apoio extraordinário à retoma progressiva (que sucedeu ao lay-off simplificado) durante o mês de dezembro, medida a que recorria desde abril. Os sete sindicatos sustentam que esta decisão demonstra o “objetivo do Governo”, que é “despedir 60 dias após os apoios recebidos”, escreve a Lusa citando o comunicado.
Em outubro, face ao mesmo mês do ano passado, a empresa reduziu em 69% a disponibilidade de lugares e espera operar em novembro e dezembro a níveis a rondar os 30% dessa capacidade. Ainda assim, entre maio e agosto, segundo nota recente da administração aos trabalhadores, a taxa de ocupação média foi de 60%.
O plano em números
Os dados conhecidos até ao momento, divulgados pelos sindicatos, apontam para este cenário:
3.000 trabalhadores de saída (eram 10.600 no final de 2019)
500 pilotos despedidos
750 funcionários de terra dispensados (450 trabalhadores da M&E e 300 da sede)
25% de redução da massa salarial, preservando vencimentos mais baixos
88 aeronaves na frota em 2021 (contra 105 atualmente)
30% a 50% de queda na operação nos próximos anos
1.600 colaboradores sem contrato renovado (de abril 2020 a março 2021)
1.200 milhões de euros é até quanto deverá ir o empréstimo do Estado
Notícia atualizada às 17:37