O número de PME Líder tem aumentado nos últimos anos, um sinal de vigor das PME portuguesas. As empresas que conseguem chegar a este grupo restrito têm, regra geral, maior solidez financeira e modelos de negócio mais equilibrados. Entre 2015 e final de 2018, data dos dados mais recentes disponibilizados pela consultora Iberinform, houve mais 1.262 empresas a obterem o selo de Líder. No total, existem 8.382 PME Líder, provenientes sobretudo da construção, comércio e serviços.
A solidez dos negócios das PME Líder fica bem patente se analisarmos a evolução do volume de negócios. Após alguma estagnação entre 2015 e 2016, nos últimos anos a tendência tem sido de subida. No resto das empresas também se tem observado um crescimento deste indicador e, em alguns anos, até a um ritmo mais rápido.
Em compensação, as PME Líder destacam-se noutros indicadores de solidez. A produtividade deste grupo de restrito de empresas é maior que a média, o que leva a Iberinform a concluir, na sua análise, que “menor crescimento dos negócios mas com maior produtividade, implica um menor risco estratégico”.
A expansão dos negócios das PME Líder é ainda visível no crescimento do emprego. Este grupo de empresas tem aumentado de forma sustentada o número de funcionários. Entre final de 2015 e 2018, estas PME criaram mais de 39 mil postos de trabalho. Apesar de ainda estarem aquém de algumas referências no que diz respeito à qualificação, esta componente tem vindo a ser trabalhada. A Iberinform observa que a qualificação das Líder é inferior às das outras PME mas está “em crescimento e mais próxima da referência”.
Este grupo restrito de empresas tem-se destacado também na inovação. “As PME Líder têm um maior peso de empregados em atividade de Investigação e Desenvolvimento do que as referências. Por sua vez, têm um maior peso de Projetos de Desenvolvimento no Investimento acumulado”, indica a consultora.
Mas os indicadores em que as PME Líder provavelmente mais se diferenciam da concorrência estão relacionados com a solidez financeira. A Iberinform realça que existe um “maior valor criado para acionistas, com menor risco financeiro e com menor probabilidade de o resultado financeiro ser negativo”. Regra geral, as empresas deste grupo de elite têm um menor endividamento e têm mais capitais próprios para investir no negócio. A diferença é significativa, já que as PME Líder encerraram 2018 com uma autonomia financeira de 58,2%, bem acima dos 34,6% do total das empresas.
A menor dependência de capitais alheios torna o financiamento mais barato. O custo médio dos Capitais Alheios Remunerados de 2,5% foi inferior ao das PME (3,6%) e ao da referência total (3,8%), com redução conjunta. O peso desses capitais remunerados no total do financiamento ao investimento é de apenas 16,5%, muito inferior às PME (36,6%) e à referência de todas as empresas (34,2%)”, indica a Iberinform.
Apesar dos dados positivos da solidez financeira e do crescimento do negócio, as PME Líder aparentam ainda ter algum caminho a percorrer nas exportações. A taxa de exportação até tem descido nos últimos anos e está abaixo do total das empresas. No ano passado, esse indicador voltou a baixar, apesar de ter crescido para o resto das empresas.
Ainda assim, a Iberinform considera que “as PME Líder estão presentes em cadeias de valor internacionalizadas ao mesmo nível das referências”. Além disso, como têm uma” menor taxa de importação (20,5%), o seu contributo para a Balança Comercial é mais favorável em termos relativos (4,6% dos negócios face a 2,9% nas PME e 1,8% no total de empresas)”.
Como ser uma PME Líder
O estatuto de PME Líder foi lançado em 2008 pelo IAPMEI e tem como objetivo permitir que estas empresas melhorem o perfil de risco e sejam incentivadas na concretização da sua ambição estratégica. Pode permitir melhores condições de financiamento, maior notoriedade e aceder a produtos e serviços em condições favoráveis. Este ano, as candidaturas estão já fechadas, tendo terminado a 15 de Outubro.
Para garantir este estatuto as PME devem cumprir com diversos critérios, segundo a informação do IAPMEI. Precisam de ter classificação de PME comprovada, apresentar pelo menos três exercícios de atividade completos e contas encerradas relativas ao último exercício económico e fiscal completo, ter notação de risco atribuída pelas Sociedades de Garantia Mútua e desenvolver uma atividade económica enquadrada na Lista de Setores de Atividade (CAE) elegíveis.
Além disso, precisam de assegurar o cumprimento de algumas condições relativas à sua atividade, como ter a situação regularizada perante a Autoridade Tributária, a Segurança Social, o IAPMEI e o Turismo de Portugal, bem como junto de outras entidades públicas com responsabilidade na gestão de fundos públicos e ao nível do licenciamento da atividade. Não podem ainda estar em situação de reestruturação nem terem sido alvo de condenação através de processo-crime ou contraordenacional por violação da legislação do trabalho e não terem sido alvo de punição nos últimos três anos pela prática de quaisquer contraordenações ambientais e do ordenamento do território.
Para se ser PME Líder é necessário cumprir com um conjunto de requisitos que demonstram a solidez financeira e o crescimento do negócio:
Resultado Líquido positivo (2019) | > 0 |
EBITDA nos 2 anos em análise (2018 e 2019) | > 0 |
Autonomia Financeira (Capitais Próprios/Ativo) (2019) | >= 30,00% |
Rendibilidade Líquida Capital Próprio (RL/CPr) (2019) | >= 2,00% |
Dívida Financeira Líquida/EBITDA (NetDebt/EBITDA) (2019) | ≤ 4,50 |
EBITDA/Ativo (2019) | >= 2,00% |
EBITDA/Volume de Negócios (2019) | >= 2,00% |
Volume de Negócios (2019) | >= 1.000.000,00€ >= 500.000,00€ (setor do Turismo) |
Número de Trabalhadores da empresa autónoma (2019) | >= 8,00 UTA ( |
Notação de risco atribuída pelas Sociedades de Garantia Mútua | ≤ 7 |