Pai e filho, Humberto e David Pedrosa, anunciaram esta quinta-feira, 1 de outubro, a renúncia aos cargos que desempenhavam até aqui na administração da holding do grupo TAP (a TAP SGPS), e em todas as outras sociedades do grupo em que desempenhavam cargos. Humberto Pedrosa, o dono do grupo Barraqueiro, mantém-se no entanto no capital da transportadora.
Segundo o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), está relacionada com as implicações que a prevista “reorganização da participação acionista” do Estado português na TAP SPGP poderá vir a ter nas “atividades desenvolvidas pelo Grupo Barraqueiro”. O documento não especifica, no entanto, que implicações serão essas no grupo que opera no transporte rodoviário e ferroviário.
Segundo a Lusa, que cita fonte próxima do processo, a desvinculação estará relacionada com o facto de a TAP, por ser agora detida maioritariamente (72,5%) pelo Estado, passar a ser considerada empresa pública. Uma situação que pode gerar conflito de interesses, já que os dois até aqui administradores têm também responsabilidades no universo Barraqueiro, grupo que mantém contratos com o Estado, como a subconcessão do Metro do Porto.
David Pedrosa, que até aqui era, entre outros cargos, vogal da comissão executiva, manterá ligação à empresa, colaborando no processo de reestruturação, “mantendo o Grupo Barraqueiro o seu compromisso com o Grupo TAP enquanto seu acionista de referência,” refere a nota. Humberto Pedrosa estava como vogal do conselho de administração antes deste afastamento voluntário. Mas a situação pode ser revertida já que, como acrescenta a Lusa, o Governo estará a preparar a criação de uma exceção que permitirá que tanto Humberto Pedrosa como David Pedrosa regressem à administração da companhia.
Entretanto, para os lugares deixados vagos por ambos foram indicados José Manuel Silva Rodrigues (quadro do grupo Barraqueiro e que foi administrador da Fertagus, presidente da Carris e do Metro de Lisboa) e Alexandra Maria Vieira Reis, que foi chief procurement officer da companhia aérea.
Em julho passado acionista o Estado reforçou a posição na TAP passando a controlar 72,5% da companhia aérea, depois de comprar a participação que estava nas mãos do empresário David Neeleman. O parceiro de Neeleman no consórcio Atlantic Gateway, Humberto Pedrosa, manteve-se no capital. A empresa está agora a preparar um processo de reestruturação que passará desde já pela suspensão da compra de novos aviões e pela possível venda de aeronaves. No âmbito das mudanças operadas pelo Estado, o cargo de presidente executivo foi recentemente ocupado, de forma interina, por Ramiro Sequeira, que sucedeu ao brasileiro Antonoaldo Neves.
(Notícia atualizada às 18:25 com mais informação)