A investigação e desenvolvimento (I&D) é um dos combustíveis mais eficientes para ajudar empresas e países a crescer. Mas no campeonato europeu dos que mais apostam em I&D, Portugal tem ficado a meio da tabela nos últimos anos. O investimento das empresas nacionais até subiu de forma moderada entre 2015 e 2018, segundo os dados mais recentes do Eurostat. Mas ainda há muito caminho para percorrer de forma a apanhar o pelotão da frente dos países que têm um setor empresarial com mais investimento em I&D.
Em 2018, a despesa em I&D das empresas portuguesas situou-se em 0,7% do PIB. Na Zona Euro, foi mais do dobro. Apesar de muitas vezes os resultados não serem imediatos, a inovação é essencial para a competitividade da economia e das empresas. O Fundo Monetário Internacional chegou a estimar que, se as empresas reforçassem em 40% o investimento em I&D, o PIB desse país poderia ter um acréscimo de 5% no longo prazo.
Apesar de estarem a meio da tabela nas empresas da Zona Euro que mais apostam em I&D, o tecido empresarial português assume uma despesa maior que outros setores da economia nacional. O setor governamental tem um gasto de 0,07% do PIB em investigação e desenvolvimento, bastante abaixo da média de 0,27% da Zona Euro. O único setor institucional em que Portugal consegue valores comparáveis à média dos países que partilham a moeda única é no ensino superior, com o investimento em I&D a totalizar 0,56% do PIB, face aos 0,57% da Zona Euro.
No total, entre empresas, Estado, instituições de ensino superior e entidades sem fins lucrativos os dados mais recentes apontam para um investimento em I&D equivalente a 1,36% do PIB, enquanto na Zona Euro esse indicar se situava em 2,22%.
PME Líder são mais inovadoras
Apesar de o Estado e de o setor empresarial estarem abaixo dos pares europeus nos rankings de inovação, as PME Líder apresentam dados de maior ambição neste campo. “As PME Líder têm um maior peso de empregados em atividade de Investigação e Desenvolvimento do que as referências. Por sua vez, têm um maior peso de Projetos de Desenvolvimento no investimento acumulado”, revela uma análise da Iberinform.
As PME líder têm vantagem por uma margem considerável. A proporção de empregos afetos a atividades de inovação e desenvolvimento é de mais do dobro do total das empresas portuguesas. Nas PME Líder esse indicador é de 0,87%, enquanto no tecido empresarial nacional se situa em 0,39%. Segundo o Eurostat, as empresas da Zona Euro alocam 0,85% da população ativa em áreas de I&D.
O fosso entre as PME Líder e as outras empresas é ainda maior no peso do investimento que é destinado ao I&D. Naquele grupo mais restrito, 0,18% do total do investimento vai para atividades de investigação e desenvolvimento. No total das empresas, essa proporção é de apenas 0,06%, segundo os dados da Iberinform.
A aposta na investigação e desenvolvimento aparenta ainda ter um longo caminho a percorrer. Estes investimentos podem nem sempre mostrar resultados imediatos, o que acaba por retirá-los do topo da agenda das empresas em detrimento de outras prioridades de mais curto prazo. Se os desafios para destinar investimento para projetos de investigação e desenvolvimento já eram grandes, na maior parte dos setores terão aumentado devido aos efeitos da crise provocada pela pandemia. O risco é que, se o I&D ficar na gaveta, no médio e longo prazo as empresas portuguesa possam sofrer um impacto negativo na competitividade.