Pode ter chegado ao mercado na pior altura, quando rebentou a pandemia, mas a Rede Lift Digital Media (Lift Media) acredita que, logo que a economia recupere, o negócio vai subir ao andar da rentabilidade. A empresa, que vende publicidade em ecrãs colocados em elevadores de edifícios de escritórios, quer chegar nos próximos quatro anos a 1.500 destes suportes espalhados pelas Grandes Lisboa e Porto, um investimento que pode vir a totalizar €750 mil.
A marca, cujo negócio segue experiências semelhantes nos EUA e no Brasil, tem para já apenas 18 ecrãs instalados na região da capital e espera chegar aos 60 no final do ano. O plano de instalação, que estava pronto a arrancar nos últimos meses, ficou em suspenso por causa do confinamento, que não só esvaziou os locais de trabalho dos consumidores-alvo, sobretudo os escritórios, como fez cair a pique o investimento publicitário. Dados da eMarketer e da Accenture antecipam que no primeiro semestre deste ano tenha havido uma queda de 19% nos gastos em publicidade exterior (out-of-home), onde se enquadra este negócio.
“Os nossos suportes não se tornam paisagem, como num mupi, há uma interação com o público,” argumenta Alexandre dos Santos à EXAME. “Não é só um painel de propaganda – dá notícias de última hora,” acrescenta o sócio e diretor comercial da empresa, numa referência à parceria não remunerada com o jornal Público para o fornecimento de conteúdos noticiosos que complementam a mensagem comercial.
Para se expandir, a Lift Media procura edifícios com fluxo diário mínimo – ou seja, uma audiência, – de 700 pessoas. Existe uma central que recebe, gere e programa os conteúdos, que são depois distribuídos para cada um dos ecrãs através da rede elétrica, o que dispensa a colocação de cabos de dados no local. Uma tecnologia de transmissão de dados que Alexandre descreve como sendo “superior à que se encontra no Brasil”, país de onde é natural.
O custo médio de cada instalação ronda €500 e é suportado pela Lift Media, tal como a eletricidade consumida pelos LCD de 17 polegadas. Em contrapartida, o gestor do edifício fica com o espaço de 20% da programação daquele ecrã para divulgar informações aos inquilinos. Para as marcas, o custo de colocação de cada anúncio – com 15 segundos, intercalados por 10 segundos de notícias e que rodam a cada cinco minutos – é de €62,5 por semana.
Os primeiros meses de existência da empresa, em 2018, foram passados em prospeção do mercado, com levantamento de edifícios comerciais e estudo de fluxo de pessoas. A atividade arrancou em janeiro de 2019, com a identificação de parceiros, contactos com os condomínios dos edifícios e primeiras instalações. Desde então, a empresa investiu €120 mil em recursos próprios. E já deu como comprometida a faturação para 2020. “Se fizer €50 mil este ano, já fico feliz,” admite Alexandre dos Santos.
Dos elevadores para a rua
Além do negócio da publicidade em ecrãs nos elevadores, a Lift Media está a gerir desde meados de junho os conteúdos publicitários das lojas móveis de conveniência Xpress Market, instaladas na Gare do Oriente. São 31 painéis, dois em cada uma das lojas e alguns localizados à entrada das salas de espera da estação multimodal, por onde todos os dias passam mais de 150 mil pessoas (e onde estão presentes outros operadores de conteúdos digitais out-of-home, como a TOMI).
No caso dos ecrãs naquela gare, os anúncios são exibidos em ecrãs LCD de 49 polegadas, com um preço de tabela de €600 por semana. Inicialmente os suportes estavam reservados às marcas dos produtos disponíveis naquelas vending machines, mas recentemente a Infraestruturas de Portugal, dona da Gare do Oriente, autorizou a comercialização daqueles espaços junto da generalidade dos anunciantes.
Criada em junho de 2018, a empresa Luis, Dell’Aringa &Conde, que funciona sob a marca Lift Media, é detida pelos sócios Flávio Polay, Gerson Mathias Conde e Alexandre Dell Aringa dos Santos, cada um com 33%. Polay foi vice-presidente de uma empresa com o mesmo negócio no Brasil que tem hoje 20 mil ecrãs distribuídos pelo país em edifícios comerciais, escritórios e centros comerciais.