A TAP fechou o primeiro trimestre deste ano com um resultado líquido negativo de €395 milhões, mais do que o triplo dos prejuízos de €106,6 milhões registados no mesmo período do ano passado. A companhia justifica o resultado com “eventos relacionados com a pandemia Covid-19”, sobretudo ao nível dos custos com combustível e dos efeitos cambiais.
No comunicado enviado esta segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a transportadora refere que os dois primeiros meses do ano foram de crescimentos de dois dígitos em termos de passageiros, rendimentos operacionais e receitas de passagens, efeitos que foram eliminados pela prestação de março, quando foram tomadas as primeiras medidas de confinamento e limitação de viagens para travar a pandemia.
Nesse mês em que foi declarado o estado de emergência no País e fechadas fronteiras a nível internacional, os principais indicadores ficaram praticamente reduzidos a metade ou mais de metade, levando no conjunto do trimestre o número de passageiros transportados a cair 12,6%, os rendimentos operacionais a recuar 5% e as receitas de passagens a descer 3,7%.
A penalizar o resultado líquido esteve, segundo a empresa, o “reconhecimento de overhedge [contrato de futuros destinado a proteger os preços] de jet fuel” no valor de €150,3 milhões (no ano passado o valor tinha sido zero) e por diferenças de câmbio líquidas negativas de €100,5 milhões (€22,3 milhões negativos há um ano). Mesmo sem estes dois elementos, o trimestre traria prejuízos de €169,9 milhões.
Empresa abre porta a reestruturar frota
A braços com dificuldades financeiras e problemas de liquidez revelados no período da pandemia, que deverão levar o Estado a injetar até €1.200 milhões, a companhia diz que iniciou a análise da capacidade instalada, “o qual poderá vir a resultar numa reestruturação da frota.” Além dos seis aviões que terminam contrato este ano, “estão a ser estudadas saídas adicionais de aeronaves de forma a alinhar com o plano de frota atualmente em revisão,” refere o comunicado.
A redução da atividade, com a quase totalidade dos aviões parados na pista, fez cair na quase totalidade a capacidade de transporte da companhia medido em ASK (número total de lugares disponíveis para venda multiplicado pelo número de quilómetros voados) – menos 99% em abril face ao mesmo período do ano passado; e menos 98% em maio.
A companhia acrescenta que no primeiro trimestre a dívida remunerada diminuiu em €139 milhões com amortização de um financiamento bancário de €158,6 milhões e extensão da maturidade do financiamento restante, enquanto as medidas de proteção de caixa postas em prática pela empresa levaram a terminar o período entre janeiro e março com €280,4 milhões de posição de caixa e equivalentes, segundo a informação financeira divulgada e não auditada.