Recolhimento em casa, deslocações reduzidas ao máximo e distanciamento social. As medidas impostas pelo combate à pandemia de covid-19 tiraram pessoas das ruas e fecharam fábricas e lojas por todo o País. Mas também se atravessaram na relação mais ou menos formal entre quem compra e quem vende nas plataformas de classificados online, que por ano movimentam milhões em transações de produtos novos e usados.
A OLX, uma das mais conhecidas, diz não ter dados que permitam estimar se o confinamento está a ter impacto negativo no número de negócios que se concretizam à distância através do seu site. Ainda assim, admite que, logo nos primeiros dias, as medidas de mitigação do contágio reduziram a predisposição imediata para compras não essenciais e levaram à queda generalizada na procura e no número de anúncios colocados na plataforma.
Categorias como os anúncios para aluguer de casas para férias ou de empregos foram mais penalizadas e deverão demorar mais tempo a recuperar, espera a empresa dona da plataforma. Mas outras áreas mostraram-se mais resilientes e apesar de uma primeira retração já terão dado sinais de retoma. “A venda de artigos recuperou e está a níveis superiores aos que existiam antes da crise. As pessoas estão à procura de coisas em segunda mão e novas,” garantia na semana passada, em entrevista à EXAME, o CEO do OLX em Portugal.
E é nesta categoria que Sebastiaan Lemmens (na foto) quer agora apostar, ao disponibilizar a entrega porta a porta, para garantir que os negócios se concluem mesmo com as restrições de movimento e distanciamento social. O serviço, uma parceria com os CTT através da solução “Envios Online”, foi anunciado esta quinta-feira e prevê recolha e entrega dos artigos num local pré-determinado. A funcionalidade, paga, é ativada no site de classificados para objetos até 10 kg, com possibilidade de entrega no dia seguinte, refere uma nota das duas companhias. A empresa postal criou recentemente um outro serviço porta a porta, o de entrega de medicamentos ao domicílio, numa parceria com a Associação Nacional de Farmácias. E já disponibilizava no seu site envios online de correio expresso para Portugal e para o estrangeiro, com recolha na morada do cliente.
Com o encerramento do comércio, serviços e indústria e o consumo a ressentir-se do confinamento, também os CTT viram a atividade impactada nos primeiros dias do estado de emergência. De acordo com os resultados do primeiro trimestre divulgados esta quarta-feira, a segunda metade de março afetou as áreas de negócio de correio e expresso e encomendas, “tendo sido lançadas várias iniciativas em Portugal no sentido de ajudar as empresas a comercializar os seus produtos” neste último caso. Mas no arranque do segundo trimestre, o mês de abril já foi marcado por “uma recuperação forte dos níveis de atividade, ainda que com um perfil distinto, assistindo-se a um aumento significativo do tráfego de e-commerce”, referiu a empresa postal.
Para o OLX, o acordo agora anunciado com os CTT é um passo intermédio para a solução de entrega “ideal” que gostaria de vir a desenvolver em Portugal, e que passa por dar segurança reforçada e automatizar ainda mais o processo de compra e de envio. Entre as possíveis novas funcionalidades está a colocação do valor do pagamento na cloud e a sua libertação no momento da entrega do artigo ao comprador. “É o tipo de modelo de transação para que estamos a olhar,” refere Sebastiaan Lemmens à EXAME.