São três possibilidades e nenhuma delas pinta um quadro colorido sobre o turismo internacional, com aeroportos parados, aviões em terra, hotéis fechados e atividades turísticas suspensas por causa da Covid-19. Na melhor das hipóteses, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT/UNWTO), o movimento de turistas internacionais deverá cair pelo menos 58% durante 2020. E isso se a reabertura de fronteiras e o levantamento gradual de restrições às viagens acontecerem já no início de julho.
As estimativas, divulgadas esta quinta-feira, 7 de maio, por aquela organização internacional, admitem descidas ainda mais pronunciadas, que podem chegar a quase 80% se o desconfinamento e as limitações às viagens demorarem mais meses a acontecer. Se tal suceder em setembro (o segundo cenário analisado), as quedas nas chegadas estão avaliadas em 70%; se a abertura de fronteiras só normalizar em dezembro, a descida será de 78%.
“Sob estes cenários, o impacto da perda na procura de viagens internacionais podem traduzir-se na perda de 850 milhões a 1.100 milhões de turistas internacionais, perdas de $910 mil milhões a $1,2 biliões [€843 mil milhões a €1,1 biliões] em exportações do turismo e deixa em risco 100 a 120 milhões de postos de trabalho diretos,” avisa, em comunicado, aquela entidade sediada em Madrid.
Países como Portugal, que nos últimos anos conquistou recordes de visitantes, estão especialmente expostos ao turismo internacional. Em 2019, os turistas vindos de lá das fronteiras foram responsáveis por quase 70% das dormidas e geraram €18,4 mil milhões em receitas trazidas do exterior. Ainda no ano passado, o turismo respondeu por quase 20% das exportações e 52,3% das exportações de serviços, segundo dados do Banco de Portugal.
A nível internacional, o setor só espera que a recuperação entre em velocidade-cruzeiro em 2021 e que os primeiros sinais de retoma surjam já em julho-setembro, mas reservados ao turismo interno, privilegiando deslocações curtas e com maior perceção de segurança. Os destinos em África e no Médio Oriente são os mais otimistas quanto a uma retoma rápida, enquanto nas Américas – onde o surto está agora em crescimento – metade dos inquiridos pela OMT só vê a recuperação a chegar no ano que vem.
Segundo os dados do World Tourism Barometer, as chegadas internacionais de passageiros caíram 22% no primeiro trimestre do ano, afetando sobretudo a região Ásia-Pacífico, a primeira a implementar medidas drásticas de controlo de deslocações nos primeiros meses de 2020. Neste caso, as chegadas caíram 35%, enquanto que na Europa, segunda região mais afetada pelos resultados divulgados no barómetro, esse indicador desceu 19%. No ano passado, todas as principais regiões tinham visto as chegadas de turistas internacionais subir, entre 2% e 7%.