Pelo segundo trimestre consecutivo, o valor aplicado em Portugal em jogo online legalizado ultrapassou os €1.000 milhões, com o aumento das apostas em jogos de fortuna ou azar a mais do que compensar a queda verificada nas apostas desportivas.
Entre janeiro e março, o volume total apostado em jogos online rondou os €1.110 milhões, mais €370 milhões do que no mesmo período de 2019, segundo os números divulgados este fim de semana pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ). Ou seja, uma subida de 50% em termos homólogos que o Governo atribui ao aumento do número de licenças a operadores de jogo online, que passou de 16 para 22 no espaço de um ano.
Em cadeia, o volume total apostado (jogos de fortuna e azar e apostas desportivas) também cresceu, cerca de 7% ou mais €72,4 milhões face ao trimestre anterior. Mas se o valor associado a jogos de fortuna ou azar como máquinas de jogo ou roleta francesa subiu quase 13% em três meses, já as apostas desportivas à cota (como futebol, basquetebol ou ténis) caíram quase 20%.
Não são avançadas razões para esta descida que inclui dados de março, o primeiro mês de restrições para conter a pandemia de Covid-19 e ao longo do qual foi suspensa a generalidade das competições desportivas que estão na base destas apostas. Já no início de abril, vários operadores disseram à EXAME esperar que a suspensão das competições viesse a ter um impacto de 90% nas apostas desportivas deste mesmo mês.
No comunicado sobre a atividade trimestral, o Ministério da Economia (que tutela o Turismo de Portugal, na dependência do qual funciona o SRIJ) considera que o aumento da atividade global de apostas online nos primeiros meses do ano está “dentro de parâmetros habituais”. Mas admite que a subida da procura de jogos online no momento atual pode estar ligado à tentativa de encontrar alternativas de entretenimento durante o confinamento. No entanto, o ministério de Pedro Siza Vieira entende que isso, “só por si, não é suscetível de motivar práticas desregradas ou um aumento exponencial do risco de adição.” E que os mecanismos existentes na lei “garantem [a] exploração e prática dos jogos/apostas online de forma socialmente responsável.”
Em abril, o Parlamento aprovou um projeto de lei do PAN que estabelecia limitações parciais ou totais de acesso a plataformas de jogo de azar ‘online’ até ao final do estado de emergência (cujo último período terminou este domingo) com o objetivo de proteger os consumidores.
Número de jogadores autoexcluídos ultrapassa 50.000
Entre janeiro e março deste ano, segundo o SRIJ, o número total de jogadores a fazer pelo menos uma aposta em jogo online aumentou para 425,8 mil, mais 107 mil que há um ano.
No mesmo período, houve mais 10.600 pessoas a entregarem pedidos de autoexclusão da prática de jogos e apostas online e caducaram os pedidos de 6.300 jogadores, aumentando o universo total de auto-excluídos para 52.100 jogadores.
A entidade reguladora acrescenta ainda que nestes três meses foram enviadas 73 notificações para encerramento de atividade em Portugal de operadores ilegais de jogo online e bloqueados 61 sites.