A guerra de preços no petróleo pode estar à beira do fim. O presidente dos EUA disse esperar que a Arábia Saudita e a Rússia abandonem o seu braço de ferro e cheguem a acordo para cortar a produção, de forma a impulsionar os preços da matéria-prima. Isto depois de o ouro negro ter perdido quase dois terços do seu valor nos primeiros três meses do ano. O preço chegou a cair para mínimos de 2002 devido ao choque na procura provocado pela pandemia de Covid-19 e à falta de entendimento entre Riade e Moscovo para controlarem a produção.
A Rússia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) tinham em curso desde o final de 2016 acordos de cortes coordenados para aumentar os preços do petróleo. Esse compromisso expirou no final de março. E a Arábia Saudita e a Rússia avisaram que iam produzir o máximo que conseguissem para disputarem quota de mercado entre si e os EUA, que por sua vez se têm batido pela liderança devido ao crescimento do petróleo de xisto.
A perspetiva de o mercado ser inundado de petróleo numa altura em que não há procura por causa da pandemia levou o Brent a cair de 66 dólares no final de 2019 para um mínimo de 22 dólares no início desta semana. Essa quebra meteu em xeque o setor de petróleo de xisto nos EUA, que assegura quase dez milhões de postos de trabalho na maior economia do mundo. Além disso, as empresas dessa indústria recorrem bastante a dívida para investir, o que coloca riscos para o próprio sistema financeiro americano.
Mas Donald Trump disse, através do Twiiter, que após uma conversa com o príncipe herdeiro saudita, Mohammad bin Salman (MBS), tem esperança que exista um acordo entre a Rússia e a Arábia Saudita para o corte de produção de dez milhões, ou ainda mais, de barris. A declaração do presidente americano surgiu após serem divulgados os dados dos pedidos de subsídio de desemprego nos EUA, que atingiram um novo recorde de quase 6,65 milhões na semana passada. Em apenas quinze dias, foram destruídos dez milhões de postos de trabalho na economia americana como consequência da pandemia de Covid-19.
O certo é que depois da indicação de Donald Trump, a cotação do petróleo recuperou algum do terreno perdido. Na reação inicial o preço do Brent chegou a disparar 45% para 35,99 dólares. Mas rapidamente abrandaria a valorização para 15%, negociando acima da fasquia de 28 dólares.