Nas próximas semanas os norte-americanos podem estar prestes a receber um cheque assinado pelo Governo nas suas caixas de correio. O envio imediato de pelo menos mil dólares (911 euros à cotação atual) a cada um dos compatriotas foi esta terça-feira admitida à Bloomberg por fontes ligadas à Casa Branca como estímulo para mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus na maior economia do mundo.
A verba em concreto, que deverá chegar o mais depressa possível a cada pessoa (idealmente nas próximas duas semanas e que deixará de fora pessoas com mais posses), está ainda a começar a ser negociada com os líderes do congresso norte-americano, afirmou esta terça-feira, 17 de março, o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. O objetivo é apoiar trabalhadores que viram o seu rendimento afetado pela atual crise de saúde pública, muitos dos quais ficaram desempregados devido à suspensão ou fecho de atividades.
“Vai ser grande e vai ser ousado,” afirmou Trump aos jornalistas sobre a dimensão do pacote de estímulos onde se enquadra este apoio. O Financial Times, que cita uma fonte da administração norte-americana, refere que o valor desse pacote poderá rondar os 800 a 850 mil milhões de dólares (730 a 775 mil milhões de euros). A Bloomberg refere que o valor a enviar a cada cidadão deverá mesmo ser superior a mil dólares.
“Os americanos precisam de dinheiro agora e o presidente quer dar-lhes esse dinheiro agora,” insistiu Mnuchin. Contudo, relembra a Bloomberg, colocar o envelope no correio pode demorar mais do que as duas semanas previstas. Em 2009 o governo tomou uma medida semelhante, enviando um cheque de 250 dólares a mais de 52 milhões de pessoas. Mas a medida demorou mais de dois meses a chegar ao terreno.
O reflexo da pandemia de Covid-19 nos EUA está a afetar sobretudo as indústrias mais ligadas a deslocações e consumos associados – aviação, turismo, retalho e restauração, além da manufatura. Mnuchin referiu-se mesmo, no caso da aviação, que a atual situação é “pior do que o 11 de setembro,” numa alusão às sequelas para o setor dos atentados terroristas de 2001.
Trump admite a possibilidade de a economia norte-americana entrar em recessão este ano. Mas acredita que, vencida a crise de saúde pública, a economia recuperará rapidamente. Ontem o chefe de estado disse acreditar que a pandemia poderia estar dominada nos próximos meses de julho ou agosto.
Ontem o presidente norte-americano instou os cidadãos a limitarem ao máximo os seus movimentos, evitar aglomerações e a manterem-se em casa pelos próximos 15 dias numa tentativa de reduzir o nível de propagação do vírus entre a população e, dessa forma, permitir ao sistema de saúde uma resposta adequada. Até ao momento os EUA são o oitavo país do mundo com mais casos detetados (5.204), tendo registado 94 vítimas mortais.