A EDP acordou a venda de seis barragens no Norte do País a um consórcio de empresas francesas liderado pela Engie, num negócio de €2.210 milhões. Em causa estão as seis centrais hídricas de Miranda, Bemposta, Picote, Foz Tua, Baixo Sabor e Feiticeiro, localizadas na bacia do Douro.
A venda foi anunciada esta quinta-feira, 19 de dezembro, em comunicado enviado pela EDP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários. O consórcio comprador, liderado pela Engie (que detém 40% da participação), conta ainda com a seguradora Crédit Agricole Assurances (35%) e a gestora de investimentos Mirova, do Grupo Natixis (25%).
A transação é a primeira venda significativa de ativos da empresa controlada pela China Three Gorges desde que, em março passado, na apresentação do plano estratégico 2019-2022 o CEO António Mexia tinha deixado em aberto a possibilidade de alienação de barragens do grupo. O valor corresponde ao encaixe então esperado, de €2 mil milhões, e dentro do prazo estabelecido, que na altura se apontava como sendo o final do ano.
A Engie, que lidera a compra, já está presente em Portugal na produção de energia elétrica, através da Trustenergy, joint-venture com a Marubeni. Esta empresa detém, entre outros ativos, a central de ciclo combinado da Tapada do Outeiro, as centrais de ciclo combinado e a carvão do Pego (esta última com encerramento previsto para o final de 2021), e vários parques eólicos. Além disso, tem negócios na área da eficiência energética e redes urbanas de frio e calor (nomeadamente a do Parque das Nações).
Em maio, EDP Renováveis e Engie uniram-se num acordo estratégico para gerir os projetos novos e a desenvolver no eólico “offshore, fixo e flutuante”, que deveria estar operacional no final de 2019 e passaria a ser o veículo exclusivo de investimento da EDP naquelas áreas. Um ano antes a empresa tinha sido dada pela imprensa francesa como estando interessada em comprar a EDP, cenário que não veio a concretizar-se.
“Esta transação tem como objectivo a optimização do portefólio, reduzindo a exposição à volatilidade hídrica e de preço de mercado, reforçando o perfil de baixo risco do negócio e o nível de endividamento. Esta transação, combinada com uma forte visibilidade do nosso plano de crescimento em renováveis para 2019-22 (mais de 70% capacidade assegurada através de contractos de longo-prazo), contribuem de forma decisiva para a execução do Plano Estratégico 2019-22 apresentado em Março de 2019,” lê-se no comunicado.
As barragens cuja venda foi agora acordada representam uma capacidade instalada de 1.689 MW. A transação deverá ficar encerrada no segundo semestre de 2020, pendente de autorizações de reguladores.
As centrais de fio de água de Bemposta, Picote e Miranda foram construídas nos anos 1950 e 1960 e alvo de obras de reforço de potência nos anos 2000 pela EDP. Já as centrais de albufeira com bombagem de Foz Tua, Baixo Sabor e Feiticeiro são mais recentes, tendo ficado concluídas nos últimos cinco anos.