O Benfica lançou esta terça-feira uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a quase totalidade das ações da Benfica SAD que estão dispersas no mercado, num investimento que pode exceder os 32 milhões de euros se todos os investidores venderem os seus títulos.
A oferta é de cinco euros por ação, exatamente o valor pelo qual os títulos foram vendidos inicialmente em 2001, quando a SAD benfiquista foi para a bolsa. Desde então, praticamente não voltaram a negociar sequer perto desse valor e, no fecho da sessão de segunda-feira, estavam nos 2,76 euros. Na prática, quem comprou em 2001 e não vendeu, pode agora reaver o seu dinheiro (embora tenha pago, ao longo dos anos, comissão de custódia dos títulos); mas isto representa um verdadeiro jackpot para quem adquiriu os títulos mais tarde e a um preço mais baixo, podendo encaixar aqui uma muito relevante mais-valia.
No comunicado divulgado através da CMVM, o Benfica não avança um motivo claro para esta operação, mas justifica o preço: “O preço oferecido por ação visa assegurar que os acionistas que adquiriram as suas ações na sociedade visada no decurso da oferta pública de distribuição realizada em 2001 possam vender as ações de que são titulares a um preço semelhante ao preço nominal a que as mesmas foram então subscritas (1.000 escudos, ou seja, 4,99 euros)”.
Com a operação, o Benfica impede o surgimento de um eventual investidor hostil, que nunca teria o controlo da sociedade mas poderia construir uma posição que, por exemplo, lhe permitisse exigir a eleição de um administrador. Em termos contabilísticos, uma SAD ainda mais nas mãos do clube permite que este beneficie mais do que atualmente dos resultados positivos daquela, em termos contabilísticos. Isto porque a SAD tem, ao longo dos últimos anos, apresentado lucros.
A Benfica SAD irá continua cotada em bolsa, isto porque manter-se-á disperso um mínimo de 5% das ações, que o clube não comprará. Ou seja, caso todos os detentores de títulos queiram vender, haverá lugar a rateio, porque o clube pretende que haja essa dispersão mínima, condição para que a SAD se mantenha em bolsa. Esta manutenção é valorizada por efeitos de transparência e credibilidade e porque facilita a eventual emissão de obrigações, como foi feita nos anos anteriores.
Os membros dos órgãos sociais do Benfica que são detentores de ações – como é o caso de Luís Filipe Vieira – não as podem vender agora, representando pouco mais de 3% do capital. No entanto, terão o direito de as vender nas mesmas condições – cinco euros por ação – quando abandonarem as suas funções, para não serem prejudicados face aos restantes acionistas.
Em resposta ao anúncio do Benfica, as ações da Benfica SAD dispararam mais de 70% face ao fecho anterior, para acima dos 4,7 euros.