“As pessoas estão cada vez mais preocupadas com o impacto que as corporações têm no meio ambiente do que com os seus produtos e serviços”, afirmou Héctor Ibarra, diretor da Fjord Ibérica e América Latina, na conferência Portugal em Exame, que se realizou esta quinta-feira, 27, em Lisboa.
Para este especialista, a consciência ambiental não só foi a tendência mais relevante do ano passado, como irá ser a que terá mais impacto nos negócios nos próximos anos.
E deu como exemplo o caso da Adidas que no ano passado criou uns sapatos produzidos com plástico retirado dos oceanos. Vendeu mais de um milhão, apesar do seu preço elevado de 220 dólares. No entanto, o sucesso da mensagem foi tão elevado que, até ao final deste ano, preveem vender 11 milhões de pares daqueles sapatos.
Um comportamento que está também a ser adoptado pelas entidades públicas, como fez o Estado da Califórnia, o primeiro dos EUA a restringir o uso de palhinhas nos restaurantes e cafés.
Outras das grandes mudanças a que vamos assistir nos próximos anos está relacionada com a cada vez menor disponibilidade do cidadão em partilhar os seus dados pessoais.
Para Héctor Ibarra, as empresas devem, cada vez mais, recolher apenas as informações restritamente necessárias para o seu negócio, até porque, explica “é caro pedir os dados ao utilizador e muita desta informação não tem qualquer valor para a empresa”
Outras das grandes tendências identificadas por esta consultora é o facto dos consumidores estarem a rejeitar cada vez mais as organizações que “gritam” para captar a sua atenção.
“O medo das empresas é que, ao chamarem demasiado a atenção dos seus utilizadores, estes comecem a bloquear os seus serviços”, afirmou.
Face a este receio, alguns serviços de base tecnológica já avisam os utilizadores sempre que estes ultrapassam um determinado período nas suas aplicações. “Até os CEO das grandes empresas tecnológicas de Silicon Valley estão a limitar o tempo que os seus filhos passam em frente aos ecrãs”, salientou Héctor Ibarra
Mas esta tendência de “desligar” não está virada apenas para os clientes, como também para os próprios funcionários, como forma de gerar maior criatividade e empatia com a empresa. “A falta de tempo é, hoje em dia o principal factor de bloqueio da inovação. As melhores ideias surgem quando as pessoas não estão no local de trabalho”, esclareceu.
Por fim, Héctor Ibarra, salientou ainda a grande evolução da realidade sintética, dando alguns exemplos de “fake news”. Para o consultor, nos dias de hoje “ver já não é acreditar”. Mas nem tudo é mau. Bem pelo contrário. As empresas podem, cada vez mais, recorrer à realidade virtual para chegar aos seus clientes de uma forma mais criativa, mas com mensagens que “distingam bem o que é ou não manipulado”.
A Fjord é uma consultora mundial, que recentemente abriu escritórios em Lisboa, representada em 29 países, com uma equipa de mais de mil especialistas. Estuda as grandes tendências internacionais e analisa qual o valor e a relevância destas para a sociedade e qual o impacto que terão nos negócios dos seus clientes.