“A eletrificação da economia e a descentralização da produção de energia serão os dois fatores chave que irão revolucionar o setor energético ao longo dos próximos ano”, defendeu Vera Pinto Pereira, CEO da EDP Comercial, no painel dedicado à Tecnologia e Mobilidade da conferência Portugal em Exame, que se realizou esta quinta-feira, 27, em Lisboa.
A grande maioria das indústrias está a trocar cada vez mais o uso de energias poluidoras pela eletricidade, o que obriga as empresas de produção de energia a recorrerem a fontes renováveis e, desta forma, contribuir para as metas da descarbonização do planeta.
Para a gestora do Grupo EDP, a descentralização da produção é já uma realidade. “Assistimos ao longo dos últimos 12 meses, a um aumento brutal de instalações de painéis solares, quer por parte de empresas, quer por particulares. Atualmente, temos em Portugal cerca de 180 mil painéis solares instalados”, revelou Vera Pinto Pereira.
Algumas destas instalações recorrem já a processos de armazenamento e energia, com o recurso a baterias, o que permite uma melhor gestão da energia produzida.
Esta tendência irá aumentar porque o preço das baterias tiveram uma redução de cerca de 85% nos últimos dez anos. E irão cair ainda mais. “Devido a esta descida dos preços, espero que dentro de dois a três anos iremos ter essa geração descentralizada de energia acoplada ao armazenamento das baterias, o que mudará drasticamente a forma como geramos e consumimos eletricidade”, concluiu Vera Pinto Pereira.
O setor automóvel, responsável por 25% das emissões de carbono, é um bom exemplo dessa mudança na eletrificação da economia. No mesmo painel, Jorge Magalhães, diretor de comunicação do Grupo PSA; garantiu que todos os modelos lançados por este grupo (que engloba as marcas Peugeot, Citroen, DS e Opel) a partir deste ano terão uma versão eletrificada, quer seja um motor 100% elétrico, quer seja um híbrido plug-in,
Para este responsável, esta mudança está, também, a provocar uma das maiores mudanças de sempre no setor automóvel. Dentro de sete meses entra em vigor mais uma diretiva da União Europeia que obriga a reduzir as emissões médias dos veículos novos para os 95g de CO2. “Estas reduções irão continuar nos anos seguintes. São mudanças muito rápidas em pouco tempo, o que está a provocar uma pressão enorme sobre o setor automóvel”, diz Jorge Magalhães.
Uma das formas de reduzir as emissões mais rapidamente e conseguir uma transição menos brusca passaria por fomentar o abate de carros antigos, com níveis de emissões cinco a seis vezes superiores às dos carros atuais. O parque automóvel português, por exemplo, tem uma média de 13 anos de idade.
Mas não é só essa a pressão desta indústria. Um dos produtos mais badalados no setor automóvel é o carro autónomo. Mas, para chegar lá, há um fator sem o qual estes carros nunca chegarão às estradas: as redes móveis de 5ª Geração (5G).
Samuel Ferreira, Enterprise Solutions Manager Huawei Portugal, explicou qual a importância desta nova tecnologia. “Há três valias fundamentais do 5G. Teremos mais capacidade de débito, a massificação da conectividade e uma latência mais reduzida”, elencou.
No que respeita à latência, o gestor esclareceu que a “entrega de dados” passará dos 40 milissegundos atuais, para cerca de um milissegundo, o que, no caso do carro autónomo, pode ser a diferença em parar o carro no semáforo, ou dois metros e meio mais à frente.
O 5G irá permitir a ligação de cada vez mais equipamentos, a chamada internet das coisas, o que torna essencial que toda esta estrutura esteja segura.
Face à guerra comercial que a Huawei enfrenta com os EUA; Samuel Ferreira garantiu que, do ponto de vista tecnológico, a empresa “trabalha com as regras da indústria, cumprindo todos os requisitos de cibersegurança”. E adiantou ainda que “na visão da Huawei, devem haver centros regionais independentes para concentrar os testes de cibersegurança de todos os produtos, independentemente do produtor que os fabrique, o que, em termos de segurança, será um garante ao bom funcionamento destes novos equipamentos do 5G”.