O conselho de administração da TAP resume a polémica em torno da entrega dos prémios de €1,17 milhões a 180 trabalhadores da companhia a um “mal entendido”. Mas parece haver fumo branco: Governo, administradores do Estado e equipa executiva da TAP chegaram a acordo para tornar a distribuição de prémios na transportadora mais “transparente”.
O entendimento para a criação desse modelo foi anunciado este sábado, num comunicado enviado às redações pelo Ministério das Infraestruturas e da Habitação. De acordo com o documento, por proposta da comissão executiva liderada por Antonoaldo Neves será criado um comité de recursos humanos junto do conselho de administração, conduzido pelo presidente executivo e que terá “atribuições e competências similares às comissões de estratégia e de auditoria e matérias financeiras já existentes,” refere a nota.
Caberá a este novo orgão definir um plano para que cada grupo de trabalhadores possa vir a participar nos lucros da empresa “tendo em consideração a realidade atual de cada grupo.” Além disso, a comissão executiva comprometeu-se a apresentar “de forma destacada” na proposta de orçamento anual o montante máximo de prémios a distribuir por exercício.
Na nota, e sobre a polémica que marcou a última semana, a administração da TAP SGPS, liderada por Miguel Frasquilho, diz que a comissão executiva respeitou a decisão tomada pela administração e por recomendação dos administradores indicados pelo Estado de não pagar prémios com base na componente “resultados da empresa”. Mas que no entanto, apesar de ter respeitado essa premissa, aprovou ainda assim no cumprimento das suas competências, a entrega de prémios a um conjunto de colaboradores. O que faltou foi informar o conselho de administração do universo e dos montantes envolvidos e o board reconhece agora que o que se verificou foi “um mal entendido.”
O comunicado corrobora ainda o que a comissão executiva sempre disse, que os seus membros não receberam “qualquer prémio ou remuneração variável, matéria aliás da exclusiva competência da comissão de vencimentos,” acrescenta.
Esta semana, depois de conhecida a atribuição de prémios de €1,17 milhões a 180 trabalhadores da TAP, o ministério das Infraestruturas e Habitação, liderado por Pedro Nuno Santos, tinha acusado a comissão executiva da transportadorta de “quebra da relação de confiança” e “desrespeito dos deveres de colaboração institucional” e disse discordar daquela atribuição de prémios relativa a um ano que tinha sido de prejuízos de €118 milhões.
Antes, a comissão executiva, em carta enviada aos trabalhadores, tinha já justificado a atribuição dos bónus com o alcance dos objetivos definidos em 2018 para as áreas e individuais” e o contributo dado pelas equipas para o aumento de receitas e redução de prejuízos.
Segundo a lista de prémios pagos a que a VISÃO teve acesso, os valores distribuídos vão dos €1 021, o mais baixo, até dois prémios de €110 mil, atribuídos a um colaborador ligado ao conselho de administração e a um responsável da área das receitas. Há ainda registo de um bónus no valor de €88,2 mil, enquanto outro membro ligado ao conselho de administração terá recebido €14,2 mil.