A Comissão Executiva da TAP justifica os prémios de desempenho de 1,17 milhões de euros atribuídos a cerca de 180 diretores e gestores com base num programa de mérito implementado em 2017 assente “na avaliação objectiva” dos resultados da empresa, das departamentos em que cada um atua e da respectiva performance individual. A justificação é dada numa mensagem enviada a todos os trabalhadores da empresa, a que a VISÃO teve acesso. Nesta missiva, a Comissão Executiva diz que os bónus apenas foram atribuídos pelos objetivos atingidos pelos diretores em cada uma das suas áreas e não pelos resultados financeiros.
“Este plano de prémios poderia ter sido maior se a empresa tivesse gerado lucro e não há nada de errado nisso”, diz o CEO da TAP, Antonoaldo Neves.
Os prémios de desempenho no valor de 1,17 milhões de euros atribuídos a cerca de 180 diretores e gestores da empresa foram conhecidos ontem, causando alguma indignação pelo facto dos bónus serem respeitantes a 2018, ano em que a transportadora deu 118 milhões de euros de prejuízos.
Três administradores da TAP encaixaram mais de 300 mil euros de prémio de desempenho, tendo Abílio Martins, responsável pela Cateringpor, e Elton D’Souza, com o pelouro financeiro, recebido 110 mil euros cada um, enquanto Mário Faria, responsável pela área tecnológica, ganhou 88 mil euros. Segue-se, com um bónus de quase 50 mil euros, o CEO da TAP Cargo, Miguel Paiva Gomes, cargo que assumiu em junho do ano passado, e Alexandra Reis, diretora da área de aprovisionamento, que recebeu 42 mil euros. Entre os funcionários que receberam bónus está ainda a mulher do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Stéphanie Silva, que é responsável pelo departamento jurídico da TAP.
Fonte da TAP disse à VISÃO que o contrato de gestão por objectivos foi assinado em 2017 e que apenas abrange cerca de 200 pessoas, o chamado top management. “O objectivo é alargar este programa ao máximo número de trabalhadores”, salientou a mesma fonte.
Apesar do Estado ter ainda 50% da TAP, através da Parpública, a gestão da empresa é feita totalmente pelos privados, o Grupo Atlantic Gateway, uma parceria entre David Neeleman, dono da companhia aérea brasileira Azul, e o empresário português Humberto Pedrosa, que controla a Barraqueiro. A Atlantic Gateway tem 45% do capital do TAP e os restantes 5% estão nas mãos dos trabalhadores.
O coordenador do principal sindicato da empresa, o SITAVA, manifesta a sua indignação “estranhando esta decisão que nunca foi prática habitual na empresa” e que provoca a desigualdade entre os trabalhadores. Paulo Duarte lembrou ainda que, em 2017, ano em que a empresa deu 24 milhões de lucro, os bónus foram distribuídos de forma repartida entre todos os trabalhadores.
Também os seis administradores indicados pelo Estado mostraram a sua indignação com esta política de prémios, tendo marcado uma reunião de urgência para esta quinta-feira para analisar o assunto.