Desde 2014, o último ano da troika em Portugal, que a economia portuguesa não avançava a um ritmo tão lento. O Boletim Económico de março, publicado hoje pelo Banco de Portugal, aponta para um crescimento económico de 1,7% em 2019, já bastante longe dos 2,2% que o Governo ainda diz esperar.
Esta nova previsão do BdP implica uma revisão de 0,1 pontos percentuais face à última estimativa de dezembro do ano passado, justificada com a perda de ímpeto da atividade no final de 2018.
“A economia portuguesa deverá continuar a crescer até 2021, embora a um ritmo ligeiramente inferior ao registado nos últimos anos. Depois de ter aumentado 2,1% em 2018, o produto interno bruto (PIB) deverá crescer 1,7% em 2019 e em 2020 e 1,6% em 2021, aproximando-se do crescimento potencial”, pode ler-se no documento do BdP. As estimativas para 2020 e 2021 não foram alteradas.
Apesar da desaceleração, o BdP nota que Portugal continuará a beneficiar de “um enquadramento económico e financeiro favorável” e deverá crescer acima do ritmo médio da Zona Euro, o que significa que haverá “progressos ligeiros na convergência da economia portuguesa para os níveis médios de rendimento da área do euro”.
Contudo, esse crescimento deverá vir cada vez mais das fontes internas da economia nacional – consumo e investimento – e menos da frente externa. Em 2019, da variação de 1,7% do PIB, 1,3 pontos virão da procura interna e 0,4 pontos da externa. Essa diferença irá atenuar nos anos seguintes, mas ainda com vantagem para a procura interna.
As exportações até deverão acelerar ligeiramente este ano, mas as importações vão crescer a um ritmo muito mais rápido. O resultado será um regresso aos saldo negativos da balança de bens e serviços em 2020, um indicador que está positivo desde 2012. No entanto, a totalidade da economia continuará a ser excedentária face ao exterior, seguindo a balança corrente e de capital.