A chinesa HNA vendeu a sua posição no consórcio Atlantic Gateway, que detém 45% da TAP, à brasileira Azul e à Global Aviation Ventures, ambas participadas pelo norte-americano David Neeleman, que deverá ficar assim maioritário no consórcio privado acionista da TAP.
De acordo com um comunicado da Hainan Airlines desta sexta-feira, 15 de março, a maioria da posição detida na sua subsidiária Hainan Airlines Civil Aviation Investment Limited (54,55%) foi vendida por $30 milhões à Global Aviation Ventures, enquanto a Azul pagou $25 milhões pelos restantes 45,45%. No total, o negócio ficou em $55 milhões, ou seja, €48,6 milhões. O valor resulta da avaliação da TAP feita pela e Zhongwei Zhengxin (Beijing) Assets Evaluation Companyem, que aprecia a companhia em $609,95 milhões (€539 milhões).
“A administração concordou em transferir 54,55% da Hainan Airlines Civil Aviation Investment Limited para a Global Aviation Ventures LLC ao preço de USD 30 milhões, e 45,45% da Hainan Airlines Civil Aviation Investment Limited para a Azul S.A. ao preço de USD 25 milhões. A Hainan Airlines Civil Aviation Investment Limited é a subsidiária detida na totalidade pela Hainan Airlines (Hong Kong) Co., Limited,” lê-se no comunicado.
A Global Aviation Ventures, sediada no Connecticut, Estados Unidos, é detida a 100% por David Gary Neeleman, segundo o mesmo documento. Neeleman detém ainda 5,3% da Azul, companhia que fundou em 2008.
A HNA tinha reforçado recentemente para 20% da Atlantic Gateway, o consórcio que junta Humberto Pedrosa e David Neeleman, cada um então com 40% da Atlantic Gateway, que, por sua vez, detém 45% da TAP. Com esta compra, e considerando as suas várias participações, David Neeleman deverá passar a controlar a maioria do consórcio, com 53,3%, o que lhe dará uma posição indireta de 24% na TAP.
“Este reforço do seu investimento demonstra a confiança que os investidores privados têm no crescimento sustentado da TAP e na capacidade da gestão em continuar a implementar o plano estratégico delineado na privatização, implementando as medidas necessárias para continuar o processo de transformação da TAP numa empresa com padrões de excelência na indústria da aviação,” lê-se num comunicado enviado por David Neeleman às redações.
Nos últimos meses o grupo chinês tem vindo a desfazer-se de participações em vários setores, do imobiliário à hotelaria, passando pelo financeiro e transporte aéreo, perante dificuldades financeiras depois de uma maré de aquisições realizada ao longo dos últimos anos.
A ligação à TAP remonta a julho de 2016, quando a HNA subscreveu €30 milhões de obrigações convertíveis da companhia portuguesa, um negócio na altura feito através da Azul, onde tinha participação que entretanto também alienou. Em fevereiro, quando reforçou de 11,5% para 20% a sua participação no consórcio, já se falava que poderia estar para sair em breve.
Depois deste negócio, a estrutura accionista da TAP fica da seguinte forma: Parpública com 50%; Atlantic Gateway (onde Neeleman se torna maioritário com 51%, Humberto Pedrosa com 40% e a Azul com 9% do consórcio) com 45%; e 5% nas mãos dos trabalhadores.