Quando nos envolvemos numa iniciativa empresarial, deparamo-nos com um enorme espetro de produtos e serviços, cujas vendas podem variar entre as poucas dezenas ou centenas (uma morte rápida e sossegada) aos milhões. Existe uma luta imensa, sacrifício e dúvidas recorrentes que nos acompanham ao longo de todo o processo. O percurso do empreendedor/empresário é laborioso e nele a persistência é uma grande virtude. Seria realmente raro encontrar um empreendedor que tivesse uma ideia de forma inspirada e que a desenvolvesse numa explosão de espontaneidade, do início ao fim.
Nos finais do século 19, um jovem mecânico e engenheiro criou uma empresa a que chamou Detroit Automobile Company. Em dois anos produziu apenas 20 carros que, a juntar à concorrência que enfrentava por parte de sessenta outros aspirantes a construtores de automóveis, o levou à bancarrota. Este jovem por trás deste projeto falhado, de nome Henry Ford, não desistiu e, à terceira tentativa, com o Modelo A de dois cilindros, alcançou o sucesso. Na mesma altura, King Camp Gilette fundou a American Safety Razor Company, em Boston. No primeiro ano, a empresa vendeu apenas umas miseráveis 51 “gilettes” e 168 lâminas. No entanto, ao fim de sete anos, a renomeada Gillette Safety Razor Company dominava o mercado. De modo semelhante, temos os exemplos de Rowland H. Macy e de Sam Walton com as lojas de retalho.
Yale Frederick W. Smith, um jovem estudante que alegadamente recebeu nota “C” num trabalho de economia, no qual sistematizou a sua ideia para a criação de um serviço de transporte urgente que funcionasse para o dia seguinte, só mais tarde alcançou o sucesso com a criação da Federal Express. Angry Birds, a App mais descarregada de sempre, foi o 52º jogo produzido pela Rovio Mobile, sem nunca antes ter obtido sucesso.
No entanto, estes são apenas alguns exemplos. A lista de empreendedores que, tendo encontrado rejeições, por virtude de sorte ou perseverança, se tornaram mais tarde fenómenos de vendas, é bastante numerosa.
Dificilmente se encontrará um melhor exemplo de história de luta e consequente sucesso do que a extraordinária história de Harland David Sanders, mais conhecido como “Coronel” Sanders. A sua fama é devida à Kentucky Fried Chicken, mas foi só aos 65 anos, praticamente falido, tendo conhecido apenas privações, miséria e sucessos de pouca dura, que a sua receita secreta de galinha foi aceite por um restaurante, após ter sido rejeitada 1009 vezes.
No mundo do espetáculo não é diferente. Oprah Winfrey foi despedida durante a sua carreira, tendo um repórter televisivo comentado que ela “não tinha jeito para a televisão”. Também aos Beatles foi dito pela Decca Records que eles não iriam ter qualquer futuro no mundo do espetáculo! Walt Disney foi despedido do seu emprego num jornal porque “não demonstrava ter imaginação suficiente”. Quando o argumento da Guerra das Estrela foi apresentado, foi rejeitado por todos os estúdios de Hollywood antes que a 20th Century Fox decidisse finalmente produzi-lo, tornando-se num dos mais lucrativos filmes de todos os tempos.
Estas são histórias extraordinárias de persistência e de promoção – ingredientes vitais para o sucesso, uma vez que a possibilidade de falhanço se encontra por todo o lado. Um aspeto mais complexo e intrigante de “falhanço” é quando ele não é óbvio, mas disso falaremos mais tarde.
Hoje reconhecemos aqueles que foram perseverantes assim como afortunados. Foi o seu triunfo face à adversidade que tornou conhecidos estes “rejeitados à partida”! No entanto, estes indivíduos que finalmente alcançaram reconhecimento, por vezes tardio, podem representar apenas uma fração de muitos que persistiram. Quantos potenciais campeões de vendas nunca chegaram a ver a luz do dia, porque os seus autores pura e simplesmente não podiam aguentar mais uma rejeição?
Persistência, de forma esclarecida, aprendendo com os erros do passado, realizando ajustamentos, recalibrando e reaprendendo, é um dos poucos elementos que apresentam em comum as pessoas de grande sucesso. Na realidade, as pessoas que abandonaram a universidade e mais tarde tiveram sucesso, nunca realmente desistiram; limitaram-se a reajustar a sua bússola. Este reajustar permite que seja dada alavancagem ao falhanço e que esse seja utilizado como ferramenta de aprendizagem.