As pequenas e médias empresas (PME) desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da economia global, sendo o maior motor para a inovação e a criação de postos de trabalho. Dados do Eurostat (National Statistical Offices), referentes ao setor não financeiro, indicam que as PME portuguesas contribuem com 68,5% para o VAB e 78,1% para o total do emprego criado.
A par da sua importância, as PME enfrentam importantes barreiras ao crescimento, sendo as dificuldades de captação e de retenção de recursos humanos qualificados, o acesso a novos clientes e mercados, a eficiência dos fatores produtivos, a concorrência, o enquadramento legal e as restrições e as condições de acesso a financiamento, os mais citados pelas PME de acordo com o Annual Report on European SME 2016/2017, da Comissão Europeia.
É neste contexto, e em face dos ainda moderados sinais de melhoria no acesso a financiamento tradicional, que fundos de private equity se apresentam como uma alternativa viável ao financiamento e ao crescimento das PME.
Além do preenchimento de um gap de financiamento, este tipo de investidores profissionais traz consigo uma abordagem diferenciadora, face às alternativas mais comuns de financiamento bancário ou de emissão de outros instrumentos de dívida que, na sua maioria, se revelam pouco flexíveis, com prazos de reembolsos fixos e condições rígidas, que condicionam a disponibilidade de cash-flow das empresas para investir, sobretudo num contexto em que se perspetiva uma tendência de crescimento das taxas de juro. Ao invés, os fundos de private equity procuram seguir uma abordagem tailor made, ajustada à realidade de cada empresa, numa ótica de partilha de risco e de criação de valor.
São vários os estudos que evidenciam resultados positivos nos níveis de eficiência operacional e de rentabilidade das empresas detidas por fundos de private equity. S. Bernstein, J. Lerner, M. Sorensen e P. Stromberg, no estudo Private Equity and Industry Performance, publicado em 2017, concluem, com base numa amostra representativa de 20 indústrias localizadas em 26 países, que indústrias com maior investimento de fundos de private equity apresentam maiores crescimentos no volume de produção, na criação de valor e na empregabilidade. Destacam ainda que as indústrias com maior incidência da atividade de private equity apresentam maior resiliência em cenários adversos.
Na Europa, a indústria de private equity revela-se uma indústria em crescimento e cada vez mais competitiva, tendo registado, em 2017, o segundo recorde de investimento anual realizado, atingindo os 71,7 mil milhões de euros (+29% face a 2016), segundo dados da Invest Europe. De acordo com a mesma fonte, o número de empresas que recebeu capital de private equity em 2017 ascendeu a 6 999 (+9% face a 2016), das quais 87% PME.
Também em Portugal se verifica um interesse crescente de operadores de private equity nacionais e internacionais por PME portuguesas rentáveis, com potencial de incremento da atividade e/ou eficiência operacional.
São cada vez mais os investidores profissionais deste tipo que procuram o BiG, em busca de oportunidades de investimento, em setores diversos e com critérios de investimento cada vez mais abrangentes, possibilitando o acesso pelas PME a uma forma de capital diferenciadora e que constitui uma alavanca para o crescimento.