“É extraordinário o percurso que este País fez em mil anos de existência. Um País pobre em recursos naturais, o que nos fez perder a primeira e segunda revoluções industriais”, explicou Pedro Siza Vieira, durante a sua intervenção na conferência anual da Exame. “Em mil anos de dificuldades, desenvolvemos a capacidade de ser extraordinariamente criativos e desenvolvermos laços com vários pontos do mundo.”
Concentrando-se nos desenvolvimentos mais recentes, o governante notou que o País tem crescido a um ritmo acima da média europeia. “Temos o direito de assinalar o bom momento em que a economia se encontra e regozijarmo-nos com isso”, acrescentou. Porém, ainda que esteja acima da média, Portugal tem estado na metade de baixo da tabela nos rankings europeus de crescimento.
Siza Vieira sublinhou mudanças importantes que nasceram nesse crescimento: um peso maior das exportações, a diminuição do desemprego e a descida do défice orçamental. “A nossa despesa pública em percentagem do PIB tem-se reduzido substancialmente nos últimos anos, o que significa que estamos a alocar menos recursos da economia ao funcionamento do Estado.”
No entanto, o crescimento económico português já começa a abrandar e o desafio será impedir que regresse ao ritmo de quase estagnação em que esteve desde a entrada do país na Zona Euro. Como podemos sustentar o crescimento? O ministro destacou quatro áreas: inovação e capacidade tecnológica, recursos humanos e capital.
Em todas elas, apontou medidas implementadas pelo Governo, mas dedicou mais tempo aos recursos humanos, onde apesar do “esforço notável na educação”, existe um “problema demográfico seríssimo”. “Perdemos 300 mil pessoas na população activa”, acrescentou. “Esta questão demográfica, ainda por cima de pessoas qualificadas, é absolutamente crucial. Temos de apostar no regresso desss pessoas, mas também na atração de imigrantes.”
No que diz respeito ao investimento, Siza Vieira classificou como um “grande sucesso” a atração de investimento estrangeiro, referindo que há 2,4 mil milhões de euros de investimento em pipeline, junto da AICEP.
O futuro não está isento de riscos, que o governante também reconheceu, nomeadamente na frente externa. “As perspetivas são complexas. A continuação do crescimento da procura externa será dificil. Mas os ganhos de competitividade que a empresas tiveram poderão permitir-lhes manter ou até aumentar as quotas de mercado.”