O primeiro passo de um longo caminho a percorrer, mas que Caroline Scheufele, copresidente e diretora artística da empresa, diz ser “o caminho certo”.
As notícias têm corrido mundo desde há vários anos. Há milhares de crianças a trabalhar em minas de ouro, casos que, longe de serem isolados, se multiplicam em locais como a Tanzânia, Moçambique, Mongólia, Uganda e Nigéria. Ora se pensarmos que cerca de 78% do ouro é transformado em joias, que a procura está a aumentar e que este metal é extraído em mais de 60 países, empregando entre
10 a 15 milhões de pessoas, as questões humanitárias e ambientais em torno desta indústria ganham uma dimensão assustadora. Como podemos usar joias maravilhosas e turbilhões dourados sem pensar na origem das suas matérias-primas?
A pergunta começou a ressoar na cabeça de Caroline Scheufele durante a cerimónia dos Oscares de 2012. Livia Firth, mulher do ator Colin Firth, ativista ambiental e fundadora da Eco Age (cujo compromisso é ajudar as empresas a criar uma cultura de sustentabilidade), questionou-a sobre a proveniência do ouro que usava. A marca suíça era membro do Responsible Jewellery Council (RJC) desde 2010, mas Caroline percebeu de imediato que não era suficiente. E, desde então, não descansou.
A sua primeira decisão foi investir diretamente em ouro artesanal, para que chegasse mais facilmente ao mercado, e iniciar uma relação filantrópica com a ONG sul-americana Alliance for Responsible Mining, tornando a Chopard na primeira empresa de relógios e joias de luxo do mundo a apoiar comunidades de prospeção de ouro em questões como o meio ambiente, a educação dos mais jovens e os cuidados de saúde. O objetivo? Atingir a certificação Fairmined. Seguiu-se a implementação de sistemas que garantam a rastreabilidade total do ouro, sendo que o maior desafio da Chopard foi obter este metal de origem ética em quantidades suficientes. Mas hoje, graças à doação de fundos significativos (que a empresa não revela), o número de pequenas minas sustentáveis aumentou, e isso, a par das novas rotas rastreáveis estabelecidas com a Fairmined, a Fairtrade e a Swiss Better Gold Association, garantiu à empresa acesso aos volumes necessários.
A Chopard percorreu um longo caminho desde o Festival de Cannes de 2013, quando a atriz francesa Marion Cotillard usou as três primeiras criações da coleção Green Carpet. Na época, estas peças “verdes” representavam apenas 1 a 2% das criações da maison. Por isso, quando Caroline Sheufele anunciou na Feira de Basileia deste ano que, a partir de julho, todas as joias e relógios criados pela Chopard vão utilizar exclusivamente ouro de origem 100% ética, estava a anunciar uma grande conquista. “O verdadeiro luxo só existe quando conheces a origem de toda a tua cadeia de produção. E como diretora criativa da marca, tenho muito orgulho em poder partilhar as histórias por detrás de cada uma das nossas peças com os nossos clientes, pois sei que eles vão usar essas histórias também com orgulho.” EImportância da origem
Há uma preocupação crescente das empresas e dos clientes sobre a origem dos produtos, no que toca ao respeito pelos direitos dos trabalhadores e à sustentabilidade das práticas empresariais